O republicano Tomás da Fonseca defende que as aparições de Fátima foram um embuste onde a Igreja mais do que testemunha é acusada de cumplicidade e empenho activo. O autor apoia-se em documentos da época para validar a sua tese a que procura dar um cunho científico, comparando as aparições da Cova de Iria com outras anteriores. Tomás da Fonseca, polémico e anticlerical, denuncia e responsabiliza altos dignitários da Igreja pelo logro, o qual resulta, segundo o próprio, do cínico aproveitamento ideológico e religioso para moldar o pensamento dos incautos.
A audácia e a notável liberdade de raciocínio, o carácter provocatório da escrita e o espírito subversivo do escritor contribuíram, a meu ver injustamente, para o esquecimento desta obra singular e merecedora de muito mais atenção. Pela minha parte, luto contra a perda de memória. A Antígona, muito antes, pensou o mesmo e reeditou recentemente «Na Cova dos Leões», com prefácio do historiador Luís Reis Torgal. A foto que junto refere-se, contudo, à capa da edição de 1958 por ser esta a que possuo. Termino por recomendar, a propósito, a obra «Fátima Nunca Existiu» do Padre Mário de Oliveira, um homem de fé cristã católica.