Se ao longo da sua carreia se revelaram absolutamente incapazes de gravar um mau disco, a verdade é que o motor criativo dos Tindersticks parecia há muito ter arrefecido. Tratou-se, percebêmo-lo agora, de pura ilusão, pois a natureza profunda da sua pop orquestral, aprimorada pela experiência acumulada durante praticamente três décadas e umas sentidas pinceladas de soul, acaba de regressar não só intacta como inesperadamente renovada pelo vigor rítmico de Tony Allen e a subtileza de alguns (des) arranjos jazzísticos de Julian Siegel, no magnífico The Waiting Room. Em 2016, a música dos Tindersticks - cinemática, sombria q.b., discreta, estranha e melancólica -, na qual o padrão rítmico assume um papel no mínimo tão importante como aquele que é proporcionado pelos encadeamentos melódicos e harmónicos, ganha um novo fôlego criativo numa gravação que aponta em múltiplas e admiráveis direcções. Para conferir nos diversos concertos da banda liderada por Stuart Staples que irão ocorrer no nosso país este ano.