Morreu, com 71 anos de idade, Lou Reed. Um músico genial, inventor, entre outras coisas, com os Velvet Underground, do conceito de música alternativa e criador de um estilo tantas vezes imitado: a poesia underground, uma visão da música simultaneamente selvagem, primitiva, lírica e erudita, o olhar cínico, sombrio e realista de cronista contemporâneo, o canto quase falado e uma maneira original, económica, rugosa, seca e, por vezes, brutal, de retocar os três acordes básicos do rock’n’roll. Para a história da música popular ficam, no mínimo, com os Velvets, The Velvet Underground & Nico, White Light/White Heat, VU ou Live MCMXCIII. A solo ficam, por sua vez, Transformer, New York, Songs For Drella (escrito a meias com John Cale, o seu irmão desavindo), Magic And Loss ou The Raven (talvez a sua obra-prima). Mas seria imperdoável esquecer álbuns do calibre do terceiro dos Velvet Underground, de Street Hassle e The Blue Mask (estes dois últimos a solo); ou ainda um punhado de grandes canções irregularmente distribuídas por cerca de três dezenas de álbuns.