O australiano Peter Milton Walsh, notável e raríssimo artesão de canções, capaz de uma concisão plena de textos e melodias com uma propensão minimalista para captar a centralidade das palavras, das emoções e da melodia perfeita, será provavelmente um dos mais injustamente ignorados músicos do planeta. Contudo, a visão estética e vivencial que habita o corpo das suas canções integra um universo musical do qual faz parte uma galeria de notáveis, amarguradas e melancólicas figuras da música popular, songwriters que preferem valorizar a dor, as feridas, o fracasso, o desespero ou a solidão inseparáveis da natureza humana e de quem fica sucessivamente amarrado às partidas do destino. Com efeito, a música dos Apartments chega a um fiel mas elementar núcleo de admiradores que talvez procure na serena amargura dos magníficos álbuns da banda – com uma capacidade de sedução, empatia e envolvimento assinaláveis - um significado que porventura o fará compreender e superar o afastamento, a angústia, a distância ou a perda que invariavelmente e a contragosto irão sobressair em inúmeras ocasiões da sua vida. A recente reedição da gravação das melancólicas Seven Songs (a convite da Radio France) é mais um belíssimo exemplo.