a dignidade da diferença
25 de Agosto de 2013

Lou Reed: New York (1989)

 

 

Após uma longa série de álbuns sofríveis – iniciada após o lendário Berlin (1973), onde os ocasionais excessos orquestrais dificultam, contudo, a sua resistência à passagem do tempo – Lou Reed regressou à boa forma com o exemplar neoclassicismo de New York (1989). Denúncia implacável e consistente dos oito anos de administração Reagan e da sua insensibilidade social, New York é um relato cru da cultura urbana daqueles dias, apontando, num mundo crivado de dúvidas, o dedo ao racismo, à marginalidade infantil ou ao esquecimento dos veteranos de guerra. Incisivo, direto, seco e brutal, Lou Reed recuperou as qualidades evidenciadas num estilo tantas vezes copiado: o canto quase falado, uma engenhosa economia de meios, a superior expressividade sonora, os momentos de tensão quase insuportável ou o formidável talento – cada vez mais apurado – de cronista hiper-realista. Optando por uma estrutura orgânica sistematizada, Lou Reed articula as canções do álbum entre si, submetendo-as a uma unidade temática e criando uma atmosfera densa de música e palavras que irá explorar nos trabalhos imediatamente seguintes; o belíssimo Songs For Drella (construído a meias com o irmão desavindo John Cale) e o genial e negríssimo Magic And Loss. Uma trilogia inadjetivável que não ganhou, até hoje, uma única ruga.

 

 

04 de Março de 2012

 

 

Lou Reed fundou em meados dos anos sessenta do século passado, com John Cale, a mítica banda de rock alternativo The Velvet Underground, cuja matriz musical – assente numa estrutura sonora simultaneamente lírica e primitiva, insistentemente negra, crua, suja, rugosa e densa, propositadamente contra corrente, que se alimentava de inesperados sobressaltos melódicos, experimentalismo e eletricidade pura, diálogos instrumentais em queda livre, acelerações e desacelerações rítmicas – influenciou sucessivas gerações de músicos que nunca esconderam o seu legado musical. Terminada a magnífica experiência velvetiana, Reed iniciou uma irregular mas significativa carreira a solo, contribuindo para o seu cânone musical o glam rock de Transformer (1972), que guarda no seu seio o hiperclássico Walk on the Wild Side; o depressivo Berlin (1973), que um excessivo protagonismo orquestral não conseguiu, ainda assim, apagar a explosão interior de raiva e ódio, nem a sublime depuração sonora da grande maioria das canções; o canto falado, os textos magníficos e a eletricidade brutal do notável New York (1989), essencial retrato, cru e pessimista, dos anos da administração Reagan; Songs for Drella (1990), o assombroso requiem sonoro em memória de Andy Warhol elaborado a meias com John Cale, o irmão desavindo; Magic and Loss (1992), glacial e comovente partilha da dor e genial demonstração de maturidade estética na suprema atenção que é dada ao mínimo detalhe sonoro; e, por último, a verdadeira obra-prima que é The Raven (2003), baseado na obra de Edgar Allan Poe, resumo essencial da visão estética tão rudimentar quanto erudita de um dos mais notáveis e elementares escritores de canções de que há memória.

 

12 de Setembro de 2009

 

A propósito de uma óptima escolha do Victor Afonso que é também um dos discos que mudaram a minha vida.

 

Open House

 

Style it Takes

 

Trouble With Classicists

 

Nobody But You

 

Hello It's Me

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 01:01 link do post
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