O universo singular, intenso, dramático e espectral de Nina Nastasia está de regresso com o magnífico Outlaster. Estão de volta os textos incisivos e as linhas emocionais, as mãos frias e os gritos lancinantes, o pó do deserto, as fricções rítmicas, as melodias telegráficas e as dementes explosões sonoras, os quais, numa assombrosa estética da convulsão, criam a matriz, verdadeiro teatro de emoções, que forma o corpo das canções simultaneamente rudes e doces da autora norte-americana. Ou seja, com Outlaster, produzido novamente por Steve Albini, Nina Nastasia insiste nas suas orações nocturnas, nos versos literários esquálidos e desesperados, mas, desta vez, substitui a superior e subtil coordenação de um conjunto instrumental aparentemente desarrumado – confirmar nos anteriores e excelentes Dogs, The Blackened Air e Run To Ruin -, e devolve-nos as suas sombras desfiguradas através de um espantoso ensemble de câmara, responsável pela criação de um punhado de ameaçadoras peças musicais orquestradas em forma de tango fúnebre, golpeado antes da definitiva despedida, soltando os últimos espasmos de aflição, ódio e desespero.