a dignidade da diferença
03 de Novembro de 2015

 

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Após ler os magníficos e inquietos 100 poemas de Emily Dickinson -na edição bilingue a cargo da Relógio d’Água -, e embora sabendo que a intenção do seu autor não seria com toda a certeza essa, a discrição que Emerson faz, em 1860, da poesia de Dickinson – como se pode verificar neste excerto da Tábua Cronológica, organizada por Ana Luísa Amaral - parece-me sinceramente um tremendo elogio: «Após haver lido quatro poemas de Dickinson (dois publicados e dois enviados por Helen Hunt Jackson), Emerson escreve na revista Dial, a principal publicação dos Transcendentalistas: “Uma tal Miss Dickenson [sic] escreve versos como se estivesse ameaçada por febres.»

12 de Agosto de 2015

A propósito da posição dos credores e do comportamento do clube dos virtuosos nas operações de resgate das dívidas soberanas dos países do sul da Europa, bem como da sua superioridade moral na imposição de condições na zona euro previsivelmente irrealizáveis, assente sobretudo nas críticas apontadas à conduta dos países devedores, ou ainda o modo elaborado sobre como se ganha com o financiamento das dívidas públicas e com as crises dos outros, vale a pena recordar, no plano moral, este significativo episódio retirado do magnífico A Família Golovliov, do escritor russo Saltykov-Shchedrin, clássico absoluto da literatura do século XIX que - na opinião do crítico James Wood - se vai tornando, pelas suas estranheza e rugosidade, cada vez mais moderno com o decorrer do tempo. E depois venham-me cá dizer que não está tudo na literatura…

 

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«”Então, meu amigo, que tens tu a dizer-me?”, começou Porfírio Vladímiritch. “Olhe, senhor, queria um pouco de centeio…” “Como? Já comeste o teu todo? Ai, ai, que pecado! Se bebesses menos vodka e trabalhasses mais, e rezasses mais a Deus, a terra havia de sentir! Onde hoje colhes um grão, podias colher dois ou três! E não tinhas precisão de pedir emprestado!” Foka sorria irresolutamente em vez de responder. “Julgas que Deus está longe e não vê?”, continuou Porfírio Vladímiritch a moralizar. “Ah, mas Deus está aqui mesmo! Ele vê tudo, ouve tudo, só parece que não. Deixa os homens viver por si a ver se se lembram d’Ele. E nós aproveitamo-nos, e em vez de pouparmos para uma candeia… é para a taberna, para a taberna! É por isso que Deus não lhes dá centeio. Não é bem assim, amigo?” “Já se sabe! É bem verdade!” “Já vês, agora compreendes. E porque compreendes tu? Porque Deus te retirou a graça. Se Deus te tivesse dado uma boa colheita, andarias por aí cheio de vento, mas assim Deus…” “È verdade, e se nós…” (…) “Agora como vens pedir-me centeio, é certo que estás todo amável e respeitoso, mas no ano passado, lembras-te, quando eu precisava de ceifeiros e fui pedir um favor aos teus mujiques: (…) Disseram que tinha a vossa própria ceifa! Hoje, disseram, não é como dantes em que tínhamos de trabalhar para o senhor, hoje somo livres!” “São livres mas não têm centeio!” Porfírio Vladímiritch olhou professoralmente para Foka, mas aquele não se mexeu, como entorpecido. (…) “Então dizes que querias centeio?” “Sim, se…” “Queres comprar?” “Comprar? Queria um empréstimo até à ceifa…” “Ai, ai, ai! Hoje em dia o centeio está muito caro. Não sei o que devo fazer contigo…” (…) “Gostava de te ajudar, mas o centeio está muito caro…” “Está bem, meu amigo, está bem, dou-te algum centeio de empréstimo”, disse ele (…) “Hoje tenho fartura, toma, leva de empréstimo. Queres quatro sacas – leva quatro. Precisas de oito – carrega-as.” (…) “Que quantidade queres tu de centeio?” “Quatro sacas, já que é tão bondoso.” “Está bem, quatro sacas, mas aviso-te desde já: o centeio está muito caro hoje em dia, meu amigo, caríssimo. De maneira que fazemos assim: eu dou-te quatro sacas e dentro de oito meses tu devolves-me seis – assim as contas ficarão certas! Não te levo juros, mas só centeio…” (…) “Não será de mais, senhor?”, perguntou, por fim, visivelmente tímido. “Se é de mais, vai pedir a outro. Eu não te obrigo, meu caro. Ofereço do coração. Não te mandar chamar, foste tu próprio que vieste ter comigo. Fizeste-me um pedido, eu acedi.” (…) “Pois claro, mas não é pagar muito?” “Ai, ai, ai! E eu a pensar que eras um mujique sério e honrado! Então diz-me cá, de que é que esperas que eu viva? Como vou eu cobrir as minhas despesas?” Em resumo, apesar das voltas de Foka, o assunto resolveu-se como queria Porfírio Vladímiritch.»

07 de Junho de 2015

 

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«Não é preciso uma grande arte, uma eloquência muito rebuscada, para demonstrar que os cristãos se devem tolerar mutuamente. Vou mais longe: digo-vos que é preciso encarar todos os homens como nossos irmãos. O quê! Meu irmão, o turco? Meu irmão, o chinês? O judeu? O siamês? Sim, sem hesitação; não somos todos nós filhos do mesmo pai, e criaturas do mesmo Deus? Mas esses povos desprezam-nos; consideram-nos idólatras! Pois bem! Dir-lhes-ei que estão muitíssimo enganados. Tenho a impressão de que seria capaz de espantar a orgulhosa teimosa de um imã ou de um monge budista, se eu lhes falasse mais ou menos neste tom: “Este pequeno globo, que não é mais do que um ponto, rola no espaço, assim como todos os outros globos; nós andamos perdidos nessa imensidade. O homem, medindo à volta de cinco pés, pesa seguramente pouco na criação. Um desses seres minúsculos, algures na Arábia ou na Cafraria, diz a algum dos seus vizinhos: Prestem-me atenção, porque o Deus de todos os mundos me iluminou; vivem sobre esta terra, novecentos milhões de formiguinhas como nós, mas o meu formigueiro é o único de que Deus gosta; por todos os outros ele só sente nojo, por toda a eternidade; só o meu formigueiro será feliz, e todos os restantes conhecerão para sempre o infortúnio”. Eles interromper-me-iam e perguntar-me-iam quem foi o louco que afirma uma asneira dessas. Eu seria obrigado a responder-lhes: “Fostes vós próprios.”

Voltaire, Tratado Sobre a Tolerância – Por Ocasião da Morte de Jean Calais 

09 de Setembro de 2014

 

Portugal, Hoje O Medo de Existir, de José Gil, é uma radiografia impressiva da nossa mentalidade e dos nossos comportamentos enquanto indivíduos e comunidade. Nas palavras do autor: «nada acontece, nada se inscreve na história ou na existência individual, na vida social ou no plano artístico.» José Gil aponta o dedo a uma sociedade fechada interiormente, a um país praticamente resignado e impotente em que o espaço público é fechado e sem debate político, a crítica: «descamba maioritariamente no insulto pessoal ou no elogio sobrevalorizante», e o mundo artístico se alimenta do queixume e do ressentimento. Os males detectados são públicos: Desconhecimento das regras básicas de funcionamento da democracia, resignação perante os dissabores, medo de agir e conformismo geral. O seu conjunto terá necessariamente que conduzir um país à passividade, à inércia e ao imobilismo, ou, no limite, ao seu possível desaparecimento. Não se debruçando voluntariamente sobre o que Portugal terá de bom, escrevendo apenas a respeito das causas que durante a sua evolução impedem «a expressão das nossas forças enquanto indivíduos e enquanto colectividade», José Gil elaborou um livro fundamental para compreendermos determinados sinais que obstam ao nosso desenvolvimento colectivo, não obstante nos deixar excessivamente deprimidos e preocupados.

24 de Agosto de 2014

«Existirá algum modo de conferir sentido aos tempos que vivemos, repletos de guerra e destruição?» A reflexão de Hannah Arendt sobre a violência e as suas motivações, num ensaio político escrito em 1969, fornece aos seus leitores as ferramentas necessárias para analisar e pensar o mundo de ontem e o actual (bem mais conturbado). Opondo-se à banalização da violência, a autora expõe as suas preocupações e recomendações. As primeiras consistem essencialmente num exame contextualizado à «relação entre guerra, política, violência e poder» e à inquietante descontinuidade entre passado e futuro; por sua vez, para combater a disseminação e a multiplicação descontrolada de sucessivos focos de violência, esta não deve escapar ao poder e à autoridade. Poder e violência são incompatíveis. Quando, como refere Hannah Arendt, alguém (governantes ou governados) detém o poder e sente que este lhe escapou das mãos, dificilmente resiste ao desejo ou à vontade de o trocar pela violência. Dito de outra forma, «toda a diminuição de poder é um convite aberto à violência». Construído e evoluindo numa linguagem elegante e francamente acessível, Sobre a Violência mantém, em suma, uma importância assinalável para tentar compreender os crescentes conflitos das sociedades hodiernas - nacionalismos, fundamentalismos, guerras e revoluções - e combater a sua erosão moral, revelando toda a actualidade e pertinência do pensamento político da sua autora.
30 de Julho de 2014

 

 

Para o escritor russo Vladimir Nabokov, o exílio forçado pela Revolução Bolchevique de Outubro de 1917 nunca significou um ajuste de contas com o regime comunista, o passado e os acontecimentos que a ele se encontram ligados. Como bem o demonstra este pequeno excerto de Fala, Memória (Speak, Memory, na língua original), a magnífica autobiografia revisitada: «Esta passagem não é dirigida ao leitor vulgar, mas ao idiota muito especial que me compreende, julga ele, por ter perdido a fortuna num desastre. O meu velho desentendimento com a ditadura soviética (desde 1917) nada tem que ver com problemas de propriedade. Sinto o maior desrespeito pelo émigré que “odeia os vermelhos” porque lhe “roubaram” dinheiro e terras. A nostalgia que tenho alimentado todos estes anos é sensação hipertrofiada de uma infância perdida, sem nada de lamento pelas contas bancárias que perdi.»

28 de Dezembro de 2013

Face à dimensão quase estratosférica de obras que foram publicadas durante o ano e à impossibilidade física de aceder a um número mínimo exigível que permita ficar com uma ideia aceitável das publicações relevantes no domínio da criação literária, apresentar uma lista dos melhores livros do ano é, cada vez mais, uma tarefa francamente ingrata. Subsiste por isso o critério utilizado no último ano: escolher de memória os livros que mais me agradaram, sem preocupações de género ou de hierarquia. Uma lista de doze livros (nacionais e estrangeiros) - quantidade só possível de atingir com o contributo dos dois volumes da História da Minha Vida, de Giacomo Casanova -, equivalente a um por cada mês de calendário, discretamente organizada por simples ordem alfabética. Falta o destaque mais ou menos óbvio de Servidões, do Herberto Hélder - pelo menos, a avaliar pela dimensão transcendente da sua obra passada -, mas não consegui apanhar o livro. Também não entra na lista, mas podia entrar, o livro com a recolha dos escritos de Claudio Magris, publicados em jornais nos últimos dez anos, intitulado Alfabetos. Porém, só agora tive a oportunidade de lhe pegar...

 

 Giacomo Casanova, História da Minha Vida (2 volumes)

 

 Pedro Correia, Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico

 

 Carlos Fuentes, Contos Sobrenaturais

 

Ben Goldacre, Farmacêuticas da Treta

 

Knut Hamsun, Mistérios

 

Henry James, O Aperto do Parafuso

 

Jacques Rancière, Béla Tarr O Tempo do Depois

 

Gustavo Sampaio, Os Privilegiados

 

Lee Smolin, O Romper das Cordas

 

Hjalmar Söderberg, O Jogo Sério

 

Dalton Trevisan, A Trombeta do Anjo Vingador

03 de Novembro de 2013

  

«Não só no mundo dos negócios, mas também no das ideias, promove o nosso tempo “uma verdadeira liquidação”. Tudo se adquire por um preço tão irrisório, que nos resta perguntar se haverá alguém que acabe por fazer uma oferta. Qualquer “marqueur” especulativo que conscienciosamente aponte o assinalável percurso da filosofia mais recente, qualquer professor livre, assistente, estudante, alguém que esteja por dentro ou por fora da filosofia, ninguém pára para duvidar de tudo, antes avança. Seria porventura inoportuno e extemporâneo perguntar-lhes onde pensam que vão propriamente chegar, mas é sinal de cortesia e modéstia aceitar como facto consumado que duvidaram de tudo, pois caso contrário soaria estranho dizer que “avançaram”. Todos fizeram este movimento preliminar e presumivelmente com tanta facilidade, que nem consideraram necessário deixar cair uma palavra sobre o assunto; pois nem mesmo aquele que angustiado e inquieto procurasse um pequeno esclarecimento encontraria uma coisa parecida, um alvitre sugestivo, uma pequena regra dietética, sobre como proceder perante esta monstruosa tarefa.»

Søren Kierkegaard, Temor e Tremor (1843).

15 de Junho de 2013

 

Axes

After whose stroke the wood rings,

And the echoes!

Echoes travelling

Off from the centre like horses.

 

The sap

Wells like tears, like the

Water striving

To re-establish its mirror

Over the rock

 

That drops and turns,

A white skull,

Eaten by weedy greens.

Years later I

Encounter them on the road –

 

Words dry and riderless,

The indefatigable hoof-taps.

While

From the bottom of the pool, fixed stars

Govern a life.

 

 

Machados,

Após cada pancada sua a madeira range,

E os ecos!

São ecos que viajam

Do centro para fora como cavalos.

 

A seiva

Brota como lágrimas,  como a

Água a esforçar-se

Por recompor o seu espelho

Sobre a rocha

 

Que pinga e se transforma,

Uma caveira branca

Comida pelas ervas daninhas.

Anos mais tarde

Encontro-as no caminho –

 

Palavras secas e indomáveis,

Infatigável som de cascos no chão.

Enquanto

Do fundo do charco estrelas fixas

Governam uma vida.

Sylvia Plath, Ariel. Tradução de Maria Fernanda Borges

publicado por adignidadedadiferenca às 20:21 link do post
26 de Fevereiro de 2013

 

Até agora, a criação em exclusivo de conteúdos de interesse público não é prioridade, porque a RTP segue sistematicamente a estratégia de obtenção do máximo de audiência com o mínimo de serviço público, nomeadamente para beneficiar com 20 % ou 25 % de share a propaganda do governo que estiver e a estratégia comercial. Isso deve-se à própria estrutura institucional e aos vícios históricos adquiridos e até aos interesses de quem encomenda, faz e apresenta programas. O orçamento do operador público deveria em grande medida ser destinado aos conteúdos, o que hoje não sucede (apenas 36,5 % dos custos operacionais em 2009). E o investimento devia dar prioridade aos programas com valor acrescentado, quer para a sua estreia em antena, quer para a sua repetição posterior, edição em DVD, passagem em escolas, etc. Que programas deve um serviço público fazer? Sem se defender uma servidão ao trinómio educar, informar, entreter, dado que essas três funções hoje se misturam em muitos programas e já não se justifica o paternalismo do Estado nestas matérias, parece razoável que o serviço público devesse despender o máximo de recursos em programas que trouxessem valor acrescentado aos espectadores, pela informação, pela formação e porque o fazem ajudando a passar o tempo. Num modelo amplo de serviço público, este não necessita de prescindir do entretenimento.

 

 

Mas, a manter-se, devem ser tomadas as máximas cautelas, pois o dinheiro público não deve ser desperdiçado em conteúdos que sejam proporcionados noutros canais e que não tenham valor acrescentado. Na área do entretenimento, há programas que os operadores privados não estão dispostos a transmitir, em geral por recearem más audiências, mas também porque não sentem vocação. Não cabe aqui imaginar as propostas que se poderiam fazer, apenas comprovar que, no geral, o entretenimento da RTP não se distingue do restante (quando não é pior), pelo que é uma das áreas a precisar de mais trabalho de reflexão e reforma. Deveria ser atribuída prioridade aos conteúdos documentais, que são hoje uma expressão essencial da comunicação audiovisual; à ficção histórica e literária; à ficção de temas atuais; a programas com mais-valia de inovação temática e estética; à reportagem em profundidade; à música popular e erudita sem lugar noutros canais; ao cinema que os outros canais não divulgam; em programas em ligação com a sociedade civil; ao debate público desinteressado (e não ao serviço da agenda governamental).»

Eduardo Cintra Torres, A Televisão e o Serviço Público

16 de Junho de 2012

 

 

«Há no mundo, e mesmo no mundo dos artistas, pessoas que vão ao Museu do Louvre e passam rapidamente, e sem lhes dispensar um olhar, diante de uma imensidade de quadros muito interessantes ainda que de segunda ordem, mas que depois se postam sonhadoramente diante de um Ticiano ou der um Rafael, um desses que a gravura mais popularizou; então, saem satisfeitas, e há algumas que dizem: "Eu cá conheço o meu museu." Existem também aqueles que, tendo lido em tempos Bossuet e Racine, se julgam senhores da história da literatura. Felizmente, surgem de tempos a tempos justiceiros, críticos, amadores, curiosos que afirmam que não está tudo em Rafael, que não está tudo em Racine, que os poetæ minores têm algo de bom, de sólido e delicioso; e, enfim, que, por tanto se amar a beleza geral, que é expressa pelos poetas e artistas plásticos, não deixa de ser um erro não ligar à beleza particular, à beleza de circunstância e à marca dos costumes. Devo dizer que o mundo, há vários anos, se corrigiu um pouco. O valor que os amadores atribuem hoje às amabilidades gravadas e coloridas do século passado prova que se deu uma reação no sentido do que o público precisava; Debucourt, os Saint-Aubin e muitos outros entraram no dicionário dos artistas dignos de estudo. Mas esses representam o passado; ora, é à pintura dos costumes do presente que me quero dedicar hoje. O passado é interessante não apenas pela beleza que dele souberam extrair os artistas para quem ele era o presente, mas também como passado, pelo seu valor histórico. O mesmo se passa com o presente. O prazer que retiramos da representação do presente provém, não só da beleza de que pode revestir-se, mas ainda da sua qualidade essencial de presente.»

A Invenção da Modernidade, tradução de Pedro Tamen

05 de Junho de 2012

 

 

Pensamentos, de Oscar Wilde, cuja relativamente recente edição (novembro de 2011) é da responsabilidade da Relógio D’Água, reúne, num só livro, um conjunto de ideias, observações ou comentários do genial escritor, muitos deles revelados pelas personagens das suas obras de ficção. Uma série de pensamentos escritos sobre os mais variados temas, retirados dos seus ensaios, romances, peças de teatro, cartas ou artigos: arte, crítica, religião, política, história, sociedade, natureza humana ou moral. Em suma, uma coleção de pequenos fragmentos, escritos numa linguagem ornamentada e com assinalável elegância, os quais, ainda hoje, surpreendem pelas suas contradições, criatividade, frontalidade ou provocação. Do que vos disse, fica aqui um exemplo bem ilustrativo: «A Crítica é a exteriorização da alma: mais fascinante que a História, pois ocupa-se exclusivamente de si própria, mais deliciosa que a Filosofia, pois o seu objeto é concreto e não abstrato, real, não vago. É a única forma civilizada da autobiografia, pois não se preocupa com os acontecimentos, mas com os pensamentos; não com os acidentes físicos de ação ou modalidade, mas com os estados espirituais da alma e paixões da imaginação».

 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:51 link do post
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