«Mas talvez para explicar a adesão que um autor suscita em cada um de nós, mais do que de grandes classificações categoriais se deva partir de razões mais precisamente ligadas à arte de escrever. Entre estas vou pôr em primeiro lugar a economia da expressão: Borges é um mestre na arte do escrever breve. Consegue condensar em textos sempre de pouquíssimas páginas uma riqueza extraordinária de sugestões poéticas e de pensamento: factos narrados ou sugeridos, aberturas vertiginosas sobre o infinito, e ideias, ideias, ideias. Como esta densidade se realiza sem a mínima congestão, no periodizar mais sóbrio e cristalino e arejado; como o contar sinteticamente e de relance leva a uma linguagem toda concreta e de precisão, cuja inventiva se manifesta na variedade dos ritmos, dos movimentos sintáticos, dos adjectivos sempre inesperados e surpreendentes, é este o milagre estilístico, sem igual na língua espanhola, de que só Borges tem o segredo.»
Italo Calvino, in Perché leggere i classici