a dignidade da diferença
22 de Março de 2015

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Como foi amplamente noticiado na devida altura, Paulo de Morais, Vice-Presidente da Associação de Integridade e Transparência, foi convidado pela Comissão de Inquérito ao Banco Espírito Santo a apresentar as provas documentais sobre aquilo que tem afirmado a respeito dos empréstimos do BES em Angola, designadamente acerca da identificação dos beneficiários dos empréstimos de milhões do BES em Angola. Paulo Morais, contudo, como revelou o semanário Expresso, limitou-se a remeter à Assembleia da República uma lista com quinze nomes, acompanhada, a título de prova, por recortes do jornal angolano Folha 8 e pelos seus próprios comentários e convicções, divulgados em artigos de opinião e programas de televisão. Criticado pelos deputados pela «leviandade de achar que a sua opinião podia ser documentação», Paulo de Morais ripostou, aconselhando-os a contactar as pessoas que compõem a lista, avisando, porém, que «eles não falam porque está lá a família do presidente angolano e se calhar não querem afrontar as pessoas que integram essa lista…». Bem vistas as coisas, nada que surpreenda, tratando-se do autor de «Da Corrupção à Crise Que Fazer?», livro onde misturava desnecessariamente «um estilo excessivamente incendiário e acusatório, sem substância, típico de conversas corriqueiras de café, numa linguagem intencionalmente polémica, o género de dieta que alimenta diariamente jornais como o Correio da Manhã - recorrendo por diversas vezes a insinuações mais ou menos vagas e genéricas, tirando daí algumas conclusões ao sabor da opinião pública, as quais na sua maioria não se afastam de meros lugares comuns ou chavões gastos, repetidos e vazios na sua essência – com algumas denúncias certeiras e eficazes de situações concretas, apontando amiúde o dedo às pessoas certas». O necessário combate à falência moral de um naco considerável dos agentes económicos e políticos deste país exige mais dos seus líderes...

publicado por adignidadedadiferenca às 20:07 link do post
16 de Agosto de 2013

 

 

Começa a ser insustentável a ideia apresentada pelos nossos governantes de que a atual crise da dívida pública resulta do facto de os portugueses andarem nestes últimos anos a viver e a gastar acima das suas possibilidades. Dois livros recentes procuram demonstrar precisamente o contrário; Da Corrupção à Crise, de Paulo de Morais, e Os Privilegiados, do jornalista Gustavo Sampaio. Se o compararmos com as intervenções públicas na televisão do seu autor, o primeiro trabalho é, contudo, uma rotunda desilusão. Populista e demagogo, o antigo vice-presidente da Câmara Municipal do Porto usa e abusa de um estilo excessivamente incendiário e acusatório, recorrendo por diversas vezes a insinuações mais ou menos vagas e genéricas, tirando daí conclusões que na sua maioria não se afastam de meros lugares comuns ou de chavões gastos, repetidos e vazios na sua essência. Os políticos são todos uns corruptos, bandidos e ladrões. Trata-se de uma análise bastante rudimentar da nossa classe política, pecando por uma manifesta falta de profundidade. O que se lamenta, pois Paulo de Morais aponta, por vezes, o dedo às pessoas certas e denuncia com eficácia situações concretas. Mas, infelizmente, cai demasiadas vezes num estilo típico das conversas corriqueiras de café ou numa linguagem intencionalmente polémica que nos habituámos a ver em pasquins do género do Correio da Manhã. Enfim, um livro bastante sofrível que poderia fazer muito mais pela denúncia de uma certa casta política. Bastante superior é a notável obra do jornalista freelancer Gustavo Sampaio.

 

 

Os Privilegiados consiste num magnífico trabalho de investigação sobre o regime das incompatibilidades e o conflito de interesses na Assembleia da República, sobre o trânsito de ex-políticos para as administrações de empresas – exemplificando entre as cotadas no índice PSI 20 –, cumprindo ou não o período de nojo (três anos), sobre o Estatuto remuneratório dos titulares de cargos públicos e as Subvenções vitalícias dos titulares de cargos políticos, e sobre as nomeações para cargos dirigentes na administração direta e indireta do Estado, setor empresarial do Estado e gabinetes ministeriais, comparando os privilégios adquiridos pela nossa classe política com os modelos de diversos países europeus. Se o livro não fornece especiais novidades a quem anda bem informado, oferece, porém, com a sua rigorosa contextualização e sistematização, uma portentosa visão panorâmica sobre a promiscuidade existente entre o mundo da política e as atividades económicas e financeiras, a conexão entre as funções públicas e os interesses privados, o tráfico de influências ou a escandalosa rede de interesses convergentes entre a classe política, as empresas públicas e os negócios privados. Concretizando a crítica no lugar de a generalizar, como propõe de resto o seu autor, Os Privilegiados distingue os maus políticos daqueles que servem efetivamente a causa pública e deixa o leitor munido de suficiente informação para tomar a liberdade de pensar e procurar entender quem são os verdadeiros responsáveis pela situação ruinosa a que chegou o nosso Estado. Um livro obrigatório.

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