Como consequência natural da renovação musical, surgem, regularmente, novos autores que pela consistência da sua dieta musical vão despertando a nossa curiosidade de melómanos convictos. A mais recente coqueluche da música indie é a inglesa Anna Calvi e merece, aparentemente, todos os elogios que lhe são destinados. Ocupa o lugar vago anteriormente ocupado por Patti Smith e toma de empréstimo o talento teatral de PJ Harvey. Com uma voz vibrante e notável presença em palco - assentando o seu discurso em farrapos sedutores de pop/rock anguloso, nocturno, corroído por melodias esqueléticas e infecto-contagiosas, de semblante carregado e magnificamente encenado -, Anna Calvi desbrava e incendeia, com agilidade e deixando profundas marcas da sua personalidade, os territórios estéticos, poéticos e sonoros de autores como Cohen ou Piaf. Feitas as apresentações, venha daí o disco e com ele as labaredas sonoras.