Aníbal Fernandes apresenta modelarmente Henry James como alguém que «escreveu ao contrário dos êxitos literários do seu tempo. Numa época de leitores a preferirem histórias com surpresas de percurso, pôs um grande talento de escritor ao serviço de uma corrente calma, discreta e a espalhar-se num extenso número de páginas, entravada por análises psicológicas de personagens distanciadas, na cultura e nos confortos, do homem mais comum nesse final do século XIX». Contudo, através da editora Sistema Solar, prefere, entre outras obras do celebrado escritor, publicar e traduzir magníficas ficções curtas tais como Os Manuscritos de Aspern, O Mentiroso e O Aperto do Parafuso. Se na verdade o autor não se estende nestas pequenas obras por um extenso número de páginas, também não perde nenhuma das suas principais características literárias. Sobrepondo sempre à história uma detalhada construção psicológica das personagens, Henry James acrescenta ainda uma esmerada elaboração coreográfica dos diversos conflitos, desenvolve o ritmo e a justa medida das frases, domina a elipse na perfeição, valoriza a substância e o sentido da prosa, descreve magnificamente os locais e revela, por fim, uma capacidade única para adaptar o espaço às necessidades de evolução dramática. Exemplar.