A coordenação perfeita entre o canto de Joyce DiDonato e o acompanhamento instrumental do Il Complesso Barocco, superiormente dirigido por Alan Curtis, destaca brilhantemente a teatralização dos arrebatamentos dramáticos do período barroco que os intérpretes percorrem de ponta a ponta. A voz quente e policromática de DiDonato, derramando prodigiosas vagas sonoras, atravessa reportório mais ou menos conhecido daquele período, sublinhando a riqueza coral e as características próprias dos excessos emocionais de autores com o génio de Handel, Haydn ou Monteverdi, combinando-as, num jogo expressivo e de técnica apurada, com a música inventiva dos praticamente desconhecidos Orlandini, Hasse ou Keiser (numa atitude pedagógica próxima da revelada periodicamente por Cecilia Bartoli). Uma gravação notável cujo resultado nos conduz a este disco magnífico, adequadamente intitulado Drama Queens, aproximando-nos das emoções ainda vivas de uma música antiga onde, porém, descobrimos, como nos diz a cantora, «as mesmas súplicas, dores ou angústias, as mesmas raivas e alegrais».