«A filosofia é de todos os que ousam pensar por si próprios. Por isso, quem entra na filosofia corre o risco de se tornar um dissidente. Dissidente na sua própria terra, dissidente do poder instituído, da opinião comumente aceite, dos êxitos mundanos, do mundo dos negócios, do prestígio social. Dissidente da vida vulgar, do senso comum, da moda, das banalidades e das brutalidades da vida quotidiana. Dissidente do pensamento único, de tudo o que é aceite passivamente, da norma, do politicamente correcto, do instituído, do consensual, do tradicional. Dissidente do poder e do snobismo das criaturas de sucesso que procuram as luzes da ribalta para expor as suas vaidades. Dissidente da passividade dos media, do comodismo fácil das opiniões aceites, da normalidade superficial dos dias, das vozes cómodas, pacificas e conformistas. (…) Na filosofia, o passeio tranquilo dá lugar a uma imersão no abismo da argumentação. Temos de reconstruir o pensamento à medida que este emerge no sentido de cada palavra. Temos de tomar decisões, Temos de reconhecer. Podar e arrancar.»
Mendes Henriques e Nazaré Barros in Olá, Consciência! Uma viagem pela filosofia