Dinis Machado escreveu uma peculiar série de crónicas e críticas sobre cinema, a sua história e correspondentes afinidades, agora reunidas n' O Lugar das Fitas. De filmes, estilos, cineastas, actores, enredos e memórias fala o saudoso autor num registo singular, elegante, justo e sedutor, deixando, sem forçar, bem vincadas as suas impressões digitais, que, não obstante a algo desorganizada edição post mortem da ainda assim preclara Quetzal (à beira de misturar alhos com bugalhos, com a inclusão de alguns textos fora do contexto), tem a capacidade de cativar o leitor pelo poder de observação e original ângulo de visão, como bem ilustra este belo naco de prosa «O universo de Bergman é ilimitado. Começa por merecer respeito a maneira como este cineasta sai das tendências, hábitos e escolas de toda a espécie de cinema menor. (…) E se nada mais houvesse que esperar deste notável cineasta, bastaria o tom elevado e múltiplo que o caracteriza para que fosse de novo aguardado, urgentemente. É o tipo de artista que será eternamente interessante, porque se compraz em descobrir seja o que for, calibrando a comunicação através de uma rigorosa capacidade objectiva.»