Sinais de vida num corpo moribundo
Eu sei que passaram cerca de duas semanas - a cerimónia realizou-se no último dia 10 de Fevereiro -, mas não queria deixar de chamar a atenção para aquilo a que, e vamos ser generosos, se pode chamar pequenos sinais de mudança. Então não é que a indústria discográfica, em mais uma gala dos Grammy Awards, para além de premiar os habituais músicos bolorentos, bafientos e esteticamente desclassificados, decidiu consagrar cinco vezes o imenso talento de Amy Winehouse (e, por acréscimo, a música soul), atribuir 2 prémios ao extraordinário e negríssimo último álbum de Bruce Springsteen e eleger como disco do ano «River: The Joni letters» de Herbie Hancock, nome essencial na história do jazz (apesar da mais recente gravação não ser particularmente recomendável)?
Como não me parece que seja coisa para continuar, que isto de agitar cabeças e pô-las a pensar não convém mesmo nada, há que aproveitar a generosidade e dar os parabéns aos eleitos, que para o ano devemos voltar ao habitual mínimo denominador comum.
Claro que - faltava a alfinetada -, apesar de Amy Winehouse, quem merecia ganhar o prémio de melhor intérprete de «soul music» era, sem concorrente à altura, a assombrosa Nicole Willis e a sua banda «Soul Investigators». Mas estes, quem conhece?