O quinteto Zelig, que agora publica este óptimo «Joyce Alive!», formou-se no final de 2006 quando se juntaram a Peixe (guitarra e ocasionais arranjos de sopros) e a Eduardo Silva (contrabaixo) Nico Tricot (flauta, teclado, sampler, serrote e percussão), António Serginho (marimba, vibrafone e diversas percussões) e José Marrucho (bateria).
Absorvendo o espírito e a visão estética de cada um dos seus membros, o quinteto criou uma estrutura sonora singular, ziguezagueante que aponta em diversas direcções musicais e, tal como o personagem criado por Woody Allen, muda de pele consoante a atmosfera que a envolve.
Uma obra de fôlego assente em pedaços de jazz, sonhos de surf rock, fitas magnéticas de Carl Stalling, pincelada aqui e ali pelos Naked City mais agrestes e convergindo, por vezes, para uma espécie de Flat Earth Society em momento de descontracção após intensos discursos de agitação sonora, espreguiçando-se nos devaneios cinematográficos de Morricone e John Barry.
A música portuguesa – que, este ano, já nos trouxe o regresso do romantismo quixotesco dos Pop Dell’ Arte, o segundo disco dos AbztraQt Sir Q, o belíssimo e tradicional trabalho dos Galandum Galundaina, a visão solitária de Lula Pena e o delicioso «V» de Tiago Guillul, entre outros trabalhos menos relevantes mas francamente interessantes – passa por um momento bom.