Além da ânsia pela novidade e do consequente enfrentamento com os gostos de uma parte da sociedade, existe outra característica definidora das vanguardas: a busca de respostas às novas necessidades. E este é o argumento mais progressista das vanguardas que tem, como último objetivo, uma certa crítica ao modelo de sociedade predominante e a busca de propostas de transformação adequadas ao espírito dos tempos vindouros. Este argumento de crítica e transformação social justifica o mecanismo da abstração e da prática sistemática da rutura com as linguagens estabelecidas. Isto manifesta-se no que se denominam neovanguardas: aqueles movimentos que recuperam o culto ao novo e ao estranho e que tentam superar os condicionamentos da tradição e das convenções. (…) Entretanto, o movimento das vanguardas – com sua vontade de rutura com a tradição, culto à novidade e à originalidade, exploração de novas formas abstratas adequadas aos novos tempos, ânsia de transgressão dos limites estabelecidos, recriação das reproduções mecânicas geradas pelas novas tecnologias – volta a aparecer como uma necessidade permanente. É possível falar de vanguarda quando conceitos como modernidade ou Zeitgeist estão censurados, quando práticas desconstrutivistas e pós-modernas desvelaram as ficções e mitos das vanguardas? O que as neovanguardas anunciam de futuro e frívolos jogos à moda e de nostalgia das autênticas vanguardas? O que ocorre quando as vanguardas se institucionalizam e conseguem converter-se em Academia, em gosto estabelecido? É neste momento quando os novos artistas devem eleger entre esta vanguarda domesticada ou a liberdade. Manfredo Tafuri já havia falado, em Teorie e storia dell’architettura (1968), «da dificuldade que as gerações mais jovens encontram para abandonar o mito de uma vanguarda perene» E mesmo que este desejo já tenha sido revelado como mito e como contínua frustração, cada geração e cada momento histórico lança novamente o velho apelo da vanguarda. Um esforço necessário para a evolução da arquitetura.
A Modernidade Superada, de Josep Maria Montaner.