Eis o que Malcolm Gladwell - intelectual, jornalista do Washington Post e autor de O Que o Cão Viu (compilação de artigos escritos na revista New Yorker), Blink (onde o autor identifica diversas situações demonstrativas de que o poder intuitivo possui um valor superior ao da análise racional, laboratorial), A Chave do Sucesso (estudo das razões que determinaram alterações repentinas e inesperadas na sociedade) e Outliers (o autor defende que o sucesso e o talento não acontecem por acaso, pelo contrário, dependem de muitas horas de prática; o sucesso não é fácil) - respondeu na entrevista que deu ao semanário Expresso: «Não estou certo que os acontecimentos nesses países (Egipto e Tunísia) nos tenham mostrado uma realidade diferente. É óbvio que os activistas usaram as ferramentas das redes sociais para ajudar a organizar os protestos. Os activistas sempre usaram as ferramentas de comunicação que tinham à sua disposição para planear as actividades. Mas apesar disso, não é seguro que as redes sociais tenham sido cruciais nos protestos. Penso que os entusiastas das redes sociais têm uma clara falta de perspectiva histórica. Há milhares de anos que assistimos a protestos desta natureza. Para me convencerem do papel das redes sociais, teriam de me provar que estes acontecimentos não tinham sido possíveis sem o Facebook ou o Twitter. Na Alemanha de Leste, em 1989, os protestos abalaram a União Soviética e muito poucos tinham telefone. Isso não é suficiente para demonstrar que a tecnologia de informação existente não é o factor crucial para o sucesso de uma revolta?»