a dignidade da diferença
01 de Janeiro de 2015

E, por fim, aqui fica registada a escolha dos álbuns mais relevantes de 2014 em função dos seus traços de personalidade que escapam ao modelo copista que infecta a quase totalidade da produção universal. Contudo, esta lista poderia ser substituída sem significativa desvalorização patrimonial pelas mais recentes publicações de Clifford Brown, Anna Calvi, Capicua, Pablo Heras-Casado, Leonidas Kavakos & Yuja Wang, Hamilton Leithauser, Paco de Lucia, The Phantom Band, Real Combo Lisbonense, Marc Ribot Trio, Tune Yards ou Suzanne Vega. E ainda conseguiria acrescentar um ou dois que ficarão, no entanto, injustamente esquecidos.

 

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Ambrose Akinmusire

 

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Tony Allen

 

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Cecilia Bartoli, Muhai Tang

 

 

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The Delines

 

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Bob Dylan and The Band

 

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FKA twigs

 

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Jerusalem Quartet

 

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Amélia Muge

 

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Ricardo Rocha

 

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St. Vincent

 

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Tre Voci

 

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Mark Turner Quartet

publicado por adignidadedadiferenca às 12:07 link do post
03 de Janeiro de 2013

E a escolha termina finalmente aqui. Recolhi novidades, reedições - apenas as primeiras e não as sucessivas, o que explica, por exemplo, a ausência da obra reeditada de José Afonso e, sobretudo, dos extraordinários Cantigas do Maio e Venham Mais Cinco – e edições de arquivo; a arca do tesouro trouxe, neste último caso, gravações inéditas de Wes Montgomery e de Bill Evans. Deixei de fora Loveless, dos My Bloody Valentine, que, contudo, podia figurar no lugar de Isn't Anything. Sublinhe-se ainda que, noutro dia e em condições diferentes, entrariam facilmente na lista dos eleitos os mais recentes trabalhos de Andrew Bird, Leonard Cohen, Neneh Cherry, dos Músicos do Tejo (com a interpretação notável da ópera La Spinalba), Dirty Projectors, ou os seminais A Um Deus Desconhecido e Sexto Sentido da Sétima Legião (e a restante obra, embora não impressione tanto, não merece ser menosprezada); desta vez, injustificadamente, ficaram de fora. Ouçam-nos na mesma.

 

  

  

 

 

 

 

 

 

 

 

02 de Janeiro de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

01 de Janeiro de 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

31 de Dezembro de 2011

 

Foi um ano bom para a música portuguesa. É certo que não tivemos direito a ofertas de valor absolutamente extraordinário, não houve música que rompesse com os critérios previamente definidos, inventando novas coordenadas ou fronteiras estéticas. Mas houve uma muito razoável diversidade sonora e louváveis e afirmativas demonstrações de personalidade e maturidade musical, com especial destaque para o magnífico regresso dos Dead Combo, com o waitsiano Lisboa Mulata, a inesperada gravação dos fados e das canções de Fernando Alvim - na medida em que nos habituámos a ver nele apenas a sombra de Carlos Paredes -, o esqueleto sonoro do depurado e essencial Animal (Osso Vaidoso), o ágil e sedutor clacissismo de Cristina Branco ou para a surpreendente e singular visão reichiana vinda do interior do país pela mão dos Campanula Herminii. Desilusões? Talvez duas, porque totalmente inesperadas: as mais recentes gravações de B Fachada e de Sérgio Godinho. Aqui fica então a nossa lista dos prováveis dez melhores (que podia perfeitamente incluir mais dois ou três discos sem perda assinalável de qualidade - estamo-nos a lembrar, por exemplo, do último trabalho de César Prata).

 

Aquaparque, Pintura Moderna

 

 Campanula Herminii, Cumeada

 

Carlos Bica & Azul, Things About

 

Ciclorama, A Presença das Formigas

 

Cristina Branco, Não Há Só Tangos em Paris

 

Dead Combo, Lisboa Mulata

 

Fernando Alvim, Fados & Canções do Alvim

 

Kubik, Psicotic Jazz Hall

 

Os Lacraus, Os Lacraus Encaram o Lobo

 

Osso Vaidoso, Animal

 

06 de Novembro de 2011

Carlos Paredes: Verdes Anos

 

 

Na sua exigente demonstração de virtuosismo ao serviço da substância musical, Carlos Paredes identificou, na profundidade das cordas de aço da sua guitarra portuguesa, o dramatismo, a distância e a alma do nosso pequeno país. As variações, dedilhadas num diálogo portentoso com o cúmplice Fernando Alvim – autor surpreendente do recente e notável Os Fados e as Canções do Alvim -, revelam os magníficos desenhos melódicos perfeitamente encaixados nas densas e originais estruturas harmónicas. Deixamos aqui este Verdes Anos, peça fundamental que integra o arco de preciosas improvisações que dão corpo ao sublime Guitarra Portuguesa, cujas gravações datam de 1967. Raros tiveram esta capacidade transcendente para deslocar musicalmente o eixo de Portugal e colocá-lo, por uma vez, bem no centro do universo.

 

 

01 de Janeiro de 2011

 

2010 foi um óptimo ano para a música portuguesa. Não houve rupturas assinaláveis das regras anteriormente estabelecidas, mas aconteceram muitas coisas formidáveis: coordenadas desencontradas, pontos de vista singulares, estruturas musicais desalinhadas, isto é, uma série notável de novos segmentos que conduziram a música num sentido estético convergente: mais importante que o género é a marca de autor, o traço de personalidade. Pela primeira vez, em muitos anos, foi difícil encontrar um top 10. E ainda ficaram de fora belos nacos de poesia sonora como foi o caso de What Is All About dos Johnwaynes, V de Tiago Guillul, Equilíbrio dos Balla, Madrugada dos peixe:avião, ou Utopia dos Expensive Soul. Da lista, destaque sobretudo para os regressos de Pedro Burmester e dos Pop Dell'Arte.

 

 

AbztraQt Sir Q, Extimolotion

  

 

B Fachada, É Pra Meninos

 

 

Pedro Burmester, Schubert/Schumann

 

 

Camané, Do Amor e Dos Dias

 

 

Galandum Galundaina, Senhor Galandum

 

 

Mário Laginha Trio, Mongrel

 

 

München, Chaquiego

 

 

Lula Pena, Troubadour

 

 

Pop Dell'Arte, Contra Mundum

 

 

Zelig, Joyce Alive!

19 de Dezembro de 2010

 

 

Esta é uma excepção aos bem-educados e habitualmente infantilizados discos para crianças (talvez fosse melhor arrumá-los na gaveta das coisas para bebés). De B Fachada não seria, aliás, de esperar outra coisa. Escreve textos criativos não necessariamente apontados aos miúdos e apoia-se em agridoces melodias viradas do avesso por instrumentos de brincar (xilofones, pianinhos e baterias de plástico), nos quais aqueles se encaixam como peças do lego. Dessas canções nasceu um magnífico manual de desobediência. B Fachada é pra meninos? Também, mas desperta a curiosidade dos pais…

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 18:58 link do post
26 de Agosto de 2010

 

 

Reunidos numa banda só (GNR): acuidade melódica, espírito transgressor, poesia sónica, fonética moderna com que lidamos todos os dias, instinto e concisão pop, e o melhor e mais arrojado escritor de canções que este país viu nascer na segunda metade do século vinte (Rui Reininho). Piloto Automático, de Defeitos Especiais, é um magnífico exemplo.

 

 

Piloto Automático

 

Quando soa a meia noite

Começo a capotar

Há um monstro dentro de mim

Que eu procuro envenenar

 

Rezo a Baco uma oração

Sinto o fígado a explodir

Em cada gole uma opção

Um desejo de virar

 

Com: whisky puro

Sangria

Vinho maduro

Xerês d'Andaluzia       vodka vodka

Bagaceira

Ginvómito

Seco madeira

 

Ligo o piloto automático

No programa esquecer

Dissolvido num luar

Até ao amanhecer

 

publicado por adignidadedadiferenca às 23:44 link do post
21 de Agosto de 2010

 

 

O quinteto Zelig, que agora publica este óptimo «Joyce Alive!», formou-se no final de 2006 quando se juntaram a Peixe (guitarra e ocasionais arranjos de sopros) e a Eduardo Silva (contrabaixo) Nico Tricot (flauta, teclado, sampler, serrote e percussão), António Serginho (marimba, vibrafone e diversas percussões) e José Marrucho (bateria).

Absorvendo o espírito e a visão estética de cada um dos seus membros, o quinteto criou uma estrutura sonora singular, ziguezagueante que aponta em diversas direcções musicais e, tal como o personagem criado por Woody Allen, muda de pele consoante a atmosfera que a envolve.

Uma obra de fôlego assente em pedaços de jazz, sonhos de surf rock, fitas magnéticas de Carl Stalling, pincelada aqui e ali pelos Naked City mais agrestes e convergindo, por vezes, para uma espécie de Flat Earth Society em momento de descontracção após intensos discursos de agitação sonora, espreguiçando-se nos devaneios cinematográficos de Morricone e John Barry.

A música portuguesa – que, este ano, já nos trouxe o regresso do romantismo quixotesco dos Pop Dell’ Arte, o segundo disco dos AbztraQt Sir Q, o belíssimo e tradicional trabalho dos Galandum Galundaina, a visão solitária de Lula Pena e o delicioso «V» de Tiago Guillul, entre outros trabalhos menos relevantes mas francamente interessantes – passa por um momento bom.

 

Zelig ao vivo no Cinema Passos Manuel

 

 

23 de Julho de 2010

 

Eis um óptimo exemplo de música portuguesa personalizada e sem fronteiras, libertária e contra-corrente, inequivocamente inspirada nos Pop Dell’ Arte e nos Mler Ife Dada. O resto é trabalho de autor na confecção de uma pop de feição experimental, alimentada por improváveis e saltitantes arritmias sonoras, secura e rugosidade q.b., magnificamente encenada e pronta a ser lançada como arma de combate.

Depois da estreia em 2008 com Qorn Pop Garden, os AbztraQt Sir Q confirmam, com o novíssimo Extimolotion, um dos percursos mais entusiasmantes e singulares da música portuguesa contemporânea, assente numa necessidade elementar de fuga ao óbvio, num apurado sentido estético, prazer e fé ilimitada no poder da música. 

 

 Que bien ganado

publicado por adignidadedadiferenca às 04:01 link do post
19 de Agosto de 2009

 

José Afonso, Cantigas do Maio (1971)

 

 

O disco que, a par dos extraordinários Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades de José Mário Branco e Os Sobreviventes de Sérgio Godinho, deixou para trás, definitivamente, as «baladas choradeiras» e trouxe a modernidade para o coração da música popular portuguesa.

É nesta gravação fundamental que José Afonso introduz o surrealismo no seu reportório poético-musical (com um poema de António Quadros e outro da sua autoria) e que une, de um modo inovador e plenamente conseguido, a balada tradicional às sonoridades urbanas, contando, para o efeito, com a preciosíssima ajuda de José Mário Branco.

Já tudo se sabe e tudo se disse sobre este clássico absoluto da música portuguesa,  reservando-se a maior fatia de louvores para os prodigiosos arranjos/orquestrações de José Mário Branco que são o fruto natural da sua inesgotável riqueza de ideias para, através do uso minucioso da instrumentação, atingir a máxima expressividade artística em cada canção.

Se todo o álbum é magnífico, existem, pelo menos, duas canções onde o talento intuitivo e melódico de José Afonso e a ousadia arquitectónica de José Mário Branco raiam o sublime: Maio Maduro Maio, que combina na perfeição beleza e lirismo poético com uma notável modernidade musical, sublinhada pelo som do trompete em surdina, e a assombrosa Coro da Primavera, com um notável trabalho de percussão que dramatiza com uma profundidade quase insustentável a estrutura musical e o canto da canção.

Uma das raríssimas obras-primas da música portuguesa, da autoria de um músico que continuou a criar, durante os anos 70, uma obra de grande fulgor claramente acima da média nacional, cujos parâmetros de qualidade musical e ousadia estética só foram acompanhados - enquanto esperávamos pelo espírito aventureiro da música pop dos anos 80 - pelas gravações de Sérgio Godinho, José Mário Branco, Banda do Casaco e muito poucos mais.

 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:37 link do post
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