Com a notícia da morte do avô de Jake os seus pais resolvem mudar-se para um apartamento em Brooklyn que receberam da herança, sendo aí recebidos pelos futuros vizinhos, Tony e sua mãe (que explora a loja arrendada pelo falecido). A história rapidamente evolui para uma situação de conflito crescente entre os pais de Jake e a mãe de Tony, o qual proveio dos problemas financeiros que afectam o mundo dos adultos e vai condicionar a progressiva cumplicidade entre os miúdos, até colocar um ponto final nessa bela relação de amizade. Adoptando um registo contido e realista em que sobressai uma intencional ausência de estilo, a câmara tem uma presenta discreta e minimalista. Esta atitude do cineasta não significa, contudo, qualquer desinteresse pela matéria de que se ocupa, pois o olhar que prevalece sobre os gestos mais banais do quotidiano e esses momentos em que se diz definitivamente adeus à inocência, provavelmente assimilado na escrita de um Raymond Carver ou na visão de Moonfleet (genial filme de Fritz Lang), é, não obstante a subtileza e a economia narrativa, bem sentido e penetrante. Sucessor do magnífico Love is Strange, Little Men é uma belíssima e agridoce composição sobre o ciclo de uma amizade, cuja sensibilidade para encenar as angústias do crescimento soa como sublime música de câmara.