a dignidade da diferença
23 de Março de 2023

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Avessos à ideia de grandeza, à vaidade, ao estatuto e à pretensão, considerando o orgulho supérfluo e desadequado, cultivando o sujeito quotidiano e o propósito acessório, os breves textos reunidos neste livro pautam-se por exíguas descrições e despojados apontamentos sobre pequenas coisas ou objectos insignificantes, que, praticamente ignorados, resistem discretamente à sofreguidão do tempo. Fosse Robert Walser músico e o que se escutaria nos seus livros seria música de câmara rendilhada em pequenas subtilezas. Delicada, melancólica, miudinha e penetrante, diluída em gotículas e mantida num aparente secretismo, que é dissipado, no entanto, quando, recordando-a, me apercebo que a marca da sua doçura e fina ironia ficou cá.

publicado por adignidadedadiferenca às 20:24 link do post
29 de Agosto de 2018

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Evitando, para já, correr o risco de considerá-lo eventual e exageradamente um acontecimento, julgo que “O Centro do Mundo”, estreia no romance de Ana Cristina Leonardo - com os seus dois protagonistas primordiais: Boris Skossyreff e Olhão - será, no mínimo, uma obra que trouxe algo de novo à nossa ficção. Incorporando a História da Europa do século XX nas pequenas histórias que se passam em Olhão (o centro do mundo) e combinando habilidosamente realidade e ficção, a autora afasta-se da estrutura convencional do romance, cultiva engenhosamente a ironia e a farsa, enquanto a prosa, rica e pícara, escrita num estilo vivo em que sobressai uma portentosa agilidade e concisão, progride num ritmo do expedito ao acelerado, exibindo deliciosamente a assinalável cultura de quem a escreveu. Falta-me o conhecimento enciclopédico da literatura para conseguir dissecar a fundo as prováveis influências da escritora (ainda assim, não me escaparam o poder de concisão de um Dinis Machado ou a visão trágico-cómica do Pirandello de “Um, Ninguém e Cem Mil”); escrevesse eu sobre cinema e sempre seria mais fácil. Com efeito, observei durante a leitura um certo distanciamento crítico próprio de um Mizoguchi – nem faço ideia se a Ana Cristina Leonardo o aprecia – e essa raríssima capacidade, impressa num Jean Renoir, por exemplo, para, apontando os defeitos das personagens, tratá-las simultaneamente com imensa ternura – não há uma única personagem que a autora despreze - que é evidente sobretudo nos depoimentos finais que conferem uma imensa dignidade aos seus protagonistas. Se “O Centro do Mundo”, enquanto criação, oferece realmente algo de novo e inspirador – poderia estar aqui horas a fio a indicar as singulares perspectivas da Ana Cristina Leonardo e a sua peculiar capacidade para sintetizar ideias e pensamentos - não deixa de ser surpreendente verificar que essa novidade seja notavelmente alcançada pelo reconhecimento das características especificas da sua autora, bem vincadas (e entretanto apuradas) nas suas crónicas e nos seus pequenos livros anteriores; marca essa que já permite afirmar que se este livro não foi escrito pela Ana Cristina Leonardo, então só pode ter sido o diabo por ela… Um grande livro que se lê com um entusiasmo renovado a cada novo capítulo.

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09 de Fevereiro de 2017

 

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A história significa as acções e as criações dos nossos antepassados, que nos trouxeram até ao ponto a partir do qual nós prosseguimos inexoravelmente. Desde tempos imemoráveis que os homens conhecem a sua história através de mitos e lendas; desde a invenção da escrita, pelo registo das suas experiências e actuações, que tinha como fim furtá-las ao esquecimento. A história como ciência é diferente. Nesse caso, queremos saber o que realmente aconteceu. Por isso nos atemos às realidades ainda presentes, às chamadas fontes, aos documentos, aos relatos de testemunhas, às edificações e às prestações técnicas, às criações literárias e artísticas. Todas elas são perceptíveis, mas contanto que se compreenda o sentido que nelas se exprime. A ciência chega até ao ponto em que nós entendemos correctamente aquilo que nos é realmente transmitido e em que podemos comprovar que são correctas as declarações de testemunhas. Para ser puro, o conteúdo da ciência separa-se do teor dos mitos e do teor das histórias sagradas. Os testemunhos das histórias sagradas não atestam factos, são antes declarações do género: «nós acreditamos que…». Aquilo que os crentes nos dão prova é algo que nós, mesmo que então tivéssemos estado presentes, não poderíamos, sem a crença, atestar como facto. Tal como todas as ciências, também a ciência história se debate com limites. A enorme ampliação do nosso saber, penetrando no passado e em domínios antes desconhecidos, gerou a expectativa de se poderem ultrapassar os limites. Ou seja, chegaremos até ao início da história. Mas a ciência ensina-nos a modéstia perante o segredo. Não é possível prever, na verdade, a abertura dos espaços de tempo em que ainda não penetrámos e que somente se denunciam por poucos indícios. Mas cada início, mesmo o começo de algo novo no âmbito da história, coloca-nos perante um mistério, no qual a origem permanece fechada ao saber.

Karl Jaspers, in «Pequena Escola do Pensamento Filosófico»

14 de Dezembro de 2016

Entre edições e reedições de uma série de obras de ficção, poesia, história, política, cinema, religião, ensaio, divulgação científica e filosofia, estes terão sido os livros que mais gostei de ler durante o corrente ano. De fora ficaram os óptimos e potencialmente elegíveis Sangue Azul Gelado, do russo Iúri Buida, retrato desencantado e original de uma actriz que procura ambientar-se num clima hostil, e O Antigo Egipto, de Donald P. Ryan, onde é sugerida uma fascinante viagem a lugares míticos do Egipto. Doze livros para doze meses, correspondendo cada um deles a um dos meses do ano, dispostos por ordem alfabética. Injusto seria não realçar que também poderiam estar aqui o Ricardo Araújo Pereira, com as suas singulares considerações sobre o humor, enunciadas no recente A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram Num Bar, bem como a reedição das labaredas do intenso Um Copo de Cólera, de Raduan Nassar, prémio Camões 2016...

 

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Poemas Escolhidos, de T. S. Eliot

 

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Pequena Escola do Pensamento Filosófico, de Karl Jaspers

 

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Bisonte, de Daniel Jonas

 

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A Paixão da Física, de Walter Lewin e Warren Goldstein

 

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Uma Causa Improcedente, de Claudio Magris

 

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O Islão e o Ocidente, A Grande Discórdia, de Jaime Nogueira Pinto

 

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Judas, de Amos Oz

 

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Eugénio Onéguin, de Aleksandr Púchkin

 

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A Descrição da Infelicidade, de W. G. Sebald

 

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O Caso do Camarada Tulaev, de Victor Serge

 

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Como Ver Um Filme, de David Thomson

 

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Passos Perdidos, de Paulo Varela Gomes

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23 de Agosto de 2016

 

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 Daniel J. Boorstin, ilustre historiador norte-americano, nascido a 01 de Outubro de 1914 e falecido a 28 de Fevereiro de 2004, doutorado em História e Direito, revelou ao mundo, em 1983, este admirável The Discoverers (Os Descobridores, na edição portuguesa). A obra, que a Gradiva, cerca de uma década depois, assumiu a responsabilidade de publicar e difundir no mercado nacional, aborda a história da humanidade sob um prisma distinto do habitual. Com efeito, ao seu autor não interessa divulgar as questões políticas, os conflitos sociais ou as lutas imperiais. Daniel J. Boorstin prefere sobretudo encarar a história como uma fábula sobre as descobertas e as ideias, a busca permanente do conhecimento e como ultrapassar os obstáculos que se vão semeando no nosso caminho. A obra consiste então num imaginativo, fascinante e singular testemunho da tentativa do Homem compreender o mundo que o rodeia. No seu aperfeiçoamento narrativo, o leitor vai apreendendo a mutação do tempo, a evolução da sociedade ou o ressurgimento de notáveis figuras maioritariamente esquecidas, acompanhando uma escrita matizada e apaixonada, enriquecida por preciosos detalhes e elaborada com um sopro e um humor tantas vezes desconcertantes. A aventura do Homem, simultaneamente épica e dramática, passa diante dos nossos olhos de forma quase sempre deslumbrante. Em suma, eis um livro com uma capacidade rara para cativar os curiosos, por força do seu encantamento, sem abdicar do necessário rigor histórico e de um louvável carácter educativo, convertendo cada um dos seus viciados leitores num novo descobridor…

03 de Maio de 2016

 

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Dinis Machado escreveu uma peculiar série de crónicas e críticas sobre cinema, a sua história e correspondentes afinidades, agora reunidas n' O Lugar das Fitas. De filmes, estilos, cineastas, actores, enredos e memórias fala o saudoso autor num registo singular, elegante, justo e sedutor, deixando, sem forçar, bem vincadas as suas impressões digitais, que, não obstante a algo desorganizada edição post mortem da ainda assim preclara Quetzal (à beira de misturar alhos com bugalhos, com a inclusão de alguns textos fora do contexto), tem a capacidade de cativar o leitor pelo poder de observação e original ângulo de visão, como bem ilustra este belo naco de prosa «O universo de Bergman é ilimitado. Começa por merecer respeito a maneira como este cineasta sai das tendências, hábitos e escolas de toda a espécie de cinema menor. (…) E se nada mais houvesse que esperar deste notável cineasta, bastaria o tom elevado e múltiplo que o caracteriza para que fosse de novo aguardado, urgentemente. É o tipo de artista que será eternamente interessante, porque se compraz em descobrir seja o que for, calibrando a comunicação através de uma rigorosa capacidade objectiva.»

publicado por adignidadedadiferenca às 20:27 link do post
27 de Abril de 2016

 

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Samuel Asch, estudante universitário, desiste, após ser abandonado pela namorada, da sua pesquisa universitária – uma tese sobre a evolução da figura de Jesus na perspectiva dos judeus. Sem casa nem emprego, o protagonista do romance aceita o convite para cuidar de Gershom Wald, um septuagenário inválido, numa casa partilhada com Atalia Abravanel, uma mulher ambígua e estranha, mas plena de sensualidade. O interesse de Asch por Atalia e a companhia do velho Gershom Wald são o pretexto para a introdução de uma série de querelas filosóficas e religiosas ou revelações históricas sobre o processo de formação e transformação de Israel: a sua evolução, os conflitos, a violência e o reflexo das cicatrizes do passado; culminando numa interpretação muito peculiar que subverte a imagem do Judas que conhecemos da Bíblia, apresentando-o como o mais leal dos discípulos. Movimentando-se com desenvoltura entre o romance e o ensaio, num ritmo seco e cadenciado, a prosa áspera do escritor israelita, feita sobretudo de observação e pensamento, aperfeiçoada por uma escrita simultaneamente fina e descarnada que a sua vasta experiência lhe confere (texto depurado, quase só osso), desagua numa magnífica, erudita - pois também se aprende neste livro sobre história, política ou religião - e provocante obra sobre a condição humana, especialmente sobre a condição de ser judeu.

publicado por adignidadedadiferenca às 22:34 link do post
07 de Abril de 2016

 

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«O pai de Atalia sonhava que judeus e árabes se amariam desde que a incompreensão existente entre eles desaparecesse. Mas enganou-se. Entre judeus e árabes nunca existiu incompreensão. Pelo contrário. Há dezenas de anos que entre ambos existe um entendimento absoluto e total: os árabes naturais desta terra estão ligados a ela porque é a única que têm, não têm outra, e nós também estamos ligados a ela pela mesma razão. Eles sabem que nós nunca desistiremos dela e nós sabemos que eles também nunca desistirão dela. Esse entendimento mútuo é perfeitamente claro. Não existe nem nunca existiu incompreensão. O pai de Atalia era daquelas pessoas que acham que todos os conflitos no mundo se resumem a equívocos: com uma pequena dose de aconselhamento familiar, um pouquinho de terapia de grupo, uma gotinha ou duas de boa vontade – tornamo-nos imediatamente irmãos de coração e alma e a disputa cessa. Ele acreditava que bastava que os elementos em conflito se conhecessem para que se estimassem. (…) Mas eu digo-lhe, meu caro, que dois homens que amam a mesma mulher, dois povos que reivindicam a mesma terra, por muitos rios de café que bebam, esses rios não apagarão o ódio, as muitas águas não o extinguirão. E digo-lhe ainda, apesar de tudo o que lhe disse antes, que abençoados sejam os que têm sonhos, e maldito aquele que lhes abre os olhos. Pois ainda que os sonhadores não nos salvem, nem eles nem os seus discípulos, a verdade é que sem sonhos e sem sonhadores a maldição que sobre nós pesa será sete vezes maior. Graças aos sonhadores talvez nós, os lúcidos, sejamos um pouco menos empedernidos e desesperados do que seríamos sem eles.»

Amos Oz, in Judas

24 de Março de 2016

 

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«Há uma contradição no génio da literatura russa. De Pushkin a Pasternak, os mestres da poesia e da ficção russas pertencem ao mundo como um todo. Os seus poemas, romances e contos são indispensáveis mesmo quando os lemos em traduções fracas. Sem estas obras temos dificuldade em imaginar o reportório dos nossos sentimentos e da humanidade comum. Com o seu estilo historicamente breve e constrangido, a literatura russa partilha esta universalidade envolvente com a Grécia antiga. No entanto, o leitor não russo de Pushkin, Gogol, Dostoievski ou Mandelstam é sempre um intruso. Está essencialmente a espreitar para um discurso íntimo que, apesar da obviedade da sua força comunicativa e da sua pertinência universal, nem os críticos intelectuais mais experientes e perspicazes do Ocidente conseguem perceber com todo o rigor. O significado permanece obstinadamente nacional e resistente à exportação. Claro que isto se deve, em parte, a uma questão de língua ou, mais exactamente, à desconcertante gama de línguas à qual os escritores russos recorrem, e que vai das formas regionais e populares às formas altamente literárias e mesmo europeizadas. Os obstáculos que um Pushkin, um Gogol, uma Akhmatova põem no caminho da tradução integral são abundantes. Mas o mesmo se pode dizer a respeito dos clássicos escritos em muitas outras línguas, e apesar de tudo, os grandes textos russos conseguem fazer-se entender num determinado plano – na verdade, num plano bastante amplo e revelador.»

George Steiner, in George Steiner at The New Yorker, 2009

10 de Fevereiro de 2016

 

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«O que é notável em “Os Anéis de Saturno” e em “Os Emigrantes” é a artificialidade reticente da narração de Sebald, através da qual os factos são recolhidos no mundo real e transformados em ficção. Isto é o oposto da banal leveza “faccional” de escritores como Julian Barnes e Umberto Eco, que pegam nos factos e desestabilizam-nos superficialmente dentro da ficção, que os agitam um pouco, mas cujas obras são, na verdade, um tributo à religião dos factos. A crença de escritores como estes na ficção não é suficientemente profunda para que abandonem o mundo real, brincam com a exatidão, vivem mesmo obcecados com a exactidão e a inexactidão, porque, para estes escritores, até mesmo os factos imprecisos são dotados de uma electricidade empírica, dado que nos despertam uma maior avidez de informação. Esta neurose informativa torna as suas ficções ruidosamente inofensivas. Para estes escritores, os factos são um desporto, acessórios semióticos e são, em última análise, de fácil interpretação. No entanto, para Sebald, os factos são indecifráveis, logo, trágicos. Sebald funciona de forma exactamente oposta à de Barnes ou Eco. Ainda que estes livros profundamente elegíacos sejam feitos das cinzas do mundo real, Sebald transforma os factos em ficção entrelaçando-os tão profundamente nas suas formas narrativas que nos dá a impressão de nunca terem pertencido à vida real e de apenas na prosa de Sebald terem encontrado a sua verdadeira existência. É este o movimento de qualquer ficção poderosa, por muito realista que seja: inserido na ficção, o mundo real ganha contornos mais fortes, mais ásperos, porque recebe um padrão intrincado que não existe na vida real. Na obra de Sebald os factos não parecem apenas ficção, tornam-se ficção, embora não deixem de ser reais e autênticos.»

James Wood, in A Herança Perdida

18 de Janeiro de 2016

 

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«Em anos de consensos corporativos forçados, de realpolitik cultura de muita mesura e, sobretudo, de imenso receio de risco editorial, a figura de Ribeiro de Mello é hoje, ao mesmo tempo, a de um bizarro e castiço representante de uma época em que os cafés, as “tertúlias” e os “salões” de Lisboa eram arenas de combate, palcos de vaidades e locais de afincada preparação de livros e revistas, e a de um injustamente esquecido lutador por algo que vai rareando: a liberdade de estar contra, de estar à margem. Que o tenha feito simetricamente em dois regimes políticos antagónicos, num curto espaço de tempo e com resultados também diametralmente opostos, concorre para uma certa imagem “carrolliana” da travessia do espelho para “o outro lado”, sendo que, ao contrário de Alice, Ribeiro de Mello não teve a protecção e a orientação de nenhum cavaleiro branco na sua acidentada aventura editorial e pessoal no PREC e na ressaca deste depois da passagem através do “espelho” da Revolução de 1974 para um Portugal livre da censura e da PIDE.»

Pedro Piedade Marques, in Sobre este livro

 

10 de Janeiro de 2016

 

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não me amputaram as pernas nem condenaram à fôrca,

não disseram de mim:

ele inventou a rosa,

contudo quando acordei a minha mão estava em brasa,

contudo escrevi o poema cada vez mais curto para chegar mais depressa,

escrevi-o tão directo que não fosse entendido,

nem em baixo,

nem em cima,

nem no sítio do umbigo que se liga ao sangue impuro,

nem no sítio da boca onde se nomeia o sopro,

e ficou assim:

económico, íntimo, anónimo

ou:

chaga das unhas cravadas na carne irreparável

Herberto Helder, in Servidões 

publicado por adignidadedadiferenca às 00:38 link do post
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