Com o objectivo de ir reinventando o meu blog, vou iniciar hoje uma série a que vou chamar «O cancioneiro popular americano». Se havia algumas dúvidas sobre quem iniciar a divulgação, tinha, no entanto, uma certeza: seria uma tremenda injustiça não começar pelos mestres do blues. E assim cheguei até Huddie Ledbetter, que ficou conhecido, para a história da música popular, como Leadbelly.
Autor essencial e uma das lendas musicais do princípio do século XX, Leadbelly cantou e tocou de tudo um pouco: danças populares, blues, baladas, canções espirituais, canções do trabalho e canções de prisão.
Fê-lo com uma notável expressividade artística servindo-se de uma voz poderosa e agressiva, mas profunda, e do dedilhar irrepreensivel e emocional da sua guitarra de 12 cordas.
Viveu e cantou uma época de conflitos sociais e raciais, combinou exemplarmente o sagrado com o profano, apoiou e pôs o seu talento ao serviço de causas sociais, criando imensas canções onde não se esqueceu dos problemas políticos e, sobretudo, dos raciais.
É, sem dúvida, um dos mitos da música popular e daquilo a que já nos habituámos a chamar de «blues rural», enriquecendo-o de forma preciosa e imaculada, tomando Blind Lemon Jefferson como sua grande fonte inspiradora e criando uma enorme e notável descendência (e devoção).
Para a mitologia muito contribuíram canções excepcionais como «New York City», «John Hardy», «Death Letter Nlues Pt.1», ou «Irene Goodnight».
Nascido em 1885, Leadbelly viria a falecer em 1949, já como autor consagrado e admirado.
Discografia essencial: Irene Goodnight.