Algumas ideias sobre os últimos acontecimentos merecem ser sublinhadas, com as quais não posso estar mais de acordo:
Para começo de conversa: a liberdade de imprensa não está em perigo em Portugal. Obviamente. Quem o diz, quem organiza petições online e manifs, nunca antes, quando o perigo real existiu, se fez ouvir. Não há um único grande jornalista português que ande por aí aos gritos em defesa da liberdade pretensamente ameaçada. Não conheço ninguém que não diga e não escreva o que quer e que não tenha tribuna para ser escutado. (…) Convém, pois, não confundir liberdade com irresponsabilidade, não confundir vaidades individuais, desejos de protagonismo e aproveitamentos políticos com a situação real, como um todo. (…) E, preto no branco: no lugar do director do “JN”, José Leite Pereira, eu também não teria consentido a publicação da crónica de Mário Crespo. Porque não aceito, como regra deontológica do jornalismo, a publicação de notícias fundadas numa fonte anónima que escutou conversas privadas, mesmo em local público. E porque também não o aceito como regra de educação.
Miguel Sousa Tavares, Expresso de 13 de Fevereiro de 2010
Pode ter sido uma coincidência, mas na Universidade Lusíada de Lisboa, entre alunos de Direito, de Solicitadoria e de Comunicação Social e Multimédia, as notas mais baixas na cadeira de Ética foram obtidas pelos últimos.
Obviamente que acho inquietante (para dizer o mínimo) a cada vez maior promiscuidade entre o sector público e o privado, sem esquecer a escandalosa falta de princípios desta gente que nos governa politica e economicamente.
E quando vejo o candidato à presidência do PSD, Paulo Rangel, esquecer-se daquilo que tinha dito no dia 29 de Setembro de 2009, isto é, “não faria sentido que me candidatasse à liderança deixando o Parlamento Europeu”, apenas porque sente este Governo cada vez mais fragilizado e vê, por essa razão, uma óptima oportunidade de chegar a primeiro-ministro, é evidente que não espero ver melhorada a situação num futuro relativamente próximo.
E, para esquecer um pouco este ambiente-mete-nojo, nada melhor do que escutar o novo e magnífico trabalho de Laura Veirs “July Flame”.
Vem mesmo a propósito: Tortured Souls, Yo!
July Flame