a dignidade da diferença
24 de Março de 2014

 

 

Já assistimos, no lado do PSD, à mudança de opinião do Secretário de Estado Carlos Moedas sobre a reestruturação da dívida pública – convictamente a favor quando não fazia parte deste Governo, actualmente contra. Inverteram-se agora os papéis, com o declarado apoio de José Sócrates ao manifesto do Grupo dos 70. É que em 2011, como já todos sabem, num debate com Francisco Louçã, Sócrates respondeu-lhe afirmando que a mensagem enviada aos credores (reestruturação da dívida pública) «seria a de um calote, que colocaria o país e as suas empresas numa lista negra. Isso seria pagar com miséria, desemprego e falências». Percebemos, a cada dia que passa, que se diz uma coisa na oposição e o seu contrário no governo, sem qualquer ponta de vergonha. É verdade que já Fernando Pessoa, nas suas Ideias Políticas, dizia que «Ser coerente é uma doença, um atavismo, talvez; data de antepassados animais em cujo estádio de evolução tal desgraça seria natural. A coerência, a convicção, a certeza são demonstrações evidentes de falta de educação. É uma falta de cortesia com os outros ser sempre o mesmo à vista deles; é maçá-los, apoquentá-los com a nossa falta de variedade». Mas, caramba! Mudar tanto e assim tão de repente? Eis José Sócrates, um troca-tintas (no meio de tantos), exemplo notável da actual política à portuguesa.

 

23 de Fevereiro de 2011

No Jornal de Notícias de 21 de Fevereiro de 2011. «O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou esta segunda-feira, que o primeiro lugar de Portugal no 'ranking' da Comissão Europeia são mérito dos funcionários da Administração Pública e considerou que "o país está farto da maledicência" relativamente a esta classe. "Em apenas cinco anos nós mudámos a face da Administração Pública, em termos electrónicos passámos de um modesto lugar, abaixo das médias europeias, para a liderança do Governo electrónico em termos de disponibilização dos serviços públicos 'online' e de sofisticação dos serviços, qualquer que seja o ângulo pelo qual se analise o ranking, não há dúvida que em Portugal obtivemos uma liderança absolutamente incontestável", disse. O chefe do Governo falava durante a apresentação do relatório europeu sobre serviços públicos electrónicos, que coloca Portugal em primeiro lugar pelo segundo ano consecutivo. Na sua intervenção, que se seguiu às do ministro da Justiça e da Presidência, José Sócrates referiu-se aos que falam em reformas "sem ter feito nenhuma reforma" e defendeu que "aquilo que o país exige não é tanto o discurso retórico sobre reformas, mas é de quem as faça". "Eu venho aqui para homenagear todos os funcionários públicos portugueses, porque foram eles que deram o contributo para esta mudança, este primeiro lugar que obtivemos é da Administração Pública, dos funcionários públicos", afirmou Sócrates, considerando que o trabalho desta classe precisa "de ser mostrado e enaltecido". "O país está farto da maledicência sobre a Administração Pública e daquilo que significa o apoucamento dos funcionários públicos, a verdade é que em muitos domínios, Portugal está na linha da frente de uma Administração Pública eficaz, moderna e que presta bons serviços aos cidadãos e à economia”, referiu.»

 

 

Deve ser por estas razões – e jamais para manter os tachos dos boys do partido socialista e, obviamente, dos amigalhaços – que o seu governo decidiu cortar nos salários da Administração Pública. Mesmo considerando a medida inevitável, face às exigências cada vez maiores dos nossos credores, por força de uma péssima governação que fragilizou o país e o pôs mesmo a jeito - embora sejamos da opinião que muitas outras medidas deveriam ter sido tomadas antes do ataque aos salários dos funcionários públicos -, dificilmente deixaremos de admirar o descaramento do nosso (?) primeiro-ministro. Enfim, tanta hipocrisia de quem se julga impune - até quando? - não será razão para a sentir como mais um sintoma de que se aproxima perigosamente o fim da III República, mas que o povo começa a ficar farto, começa… 

publicado por adignidadedadiferenca às 00:33 link do post
06 de Novembro de 2010

 

Não posso deixar de referir neste blog a recente e muito elucidativa entrevista dada pelo histórico do PS, Henrique Neto, ao Jornal Económico. Reparem bem com que gente é que andamos metidos e porque motivo o nosso país caminha a passos largos e seguros para o precipício. Sem prejuízo do efeito nefasto que o capitalismo internacional, diabólico, selvagem e devorador, provoca em muitos Estados modernos europeus. Ora são os mercados que um dia confiam no país, no outro já não, ora é o FMI que diz e se contradiz, ora são as agências de rating completamente «maradas», ou os juros que descem, sobem, tornam a descer e voltam a subir enquanto nada acontece que o justifique em tão curto espaço de tempo. Mas voltemos ao nosso primeiro-ministro e aos excertos da entrevista.

 

 

«Sócrates é um vendedor de automóveis que está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto». Henrique Neto recorda que da primeira vez que viu Sócrates discursar pensou: «Este gajo não percebe nada disto. Mas ele falava com aquela propriedade com que ainda hoje fala sobre aquilo que não sabe». Adianta e recorda-se de pensar a seguir: «Este gajo é um aldrabão. É um vendedor de automóveis». «Sempre achei que o PS entregue a um tipo como Sócrates só podia dar asneira. Tem três qualidades, ou defeitos: autoridade, poder, ignorância. E fala mentira». Henrique Neto descreve a forma como decorreu a última comissão política do PS, no dia em Sócrates apresentou as medidas de austeridade. Conta que o secretário-geral do PS convocou a reunião de última hora, «para ninguém ir preparado», e organizou os trabalhos para que «o grupo dos seus fiéis fizesse intervenções umas a seguir às outras». «A ideia dele era que o partido apoiasse as medidas», afirma. «Aquilo é uma máfia que ganhou experiência na maçonaria. Sócrates entrou por essa via e os outros todos também. Até o Procurador-Geral da República. Usa técnicas de maçonaria para controlar a verdade. Não tenho nada contra José Sócrates. Se ele se limitasse a ser um vendedor de automóveis. Mas ele é primeiro-ministro e está a dar cabo do meu país. Não é o único, mas é o mais importante de todos» Ver aqui e também aqui.

 

publicado por adignidadedadiferenca às 12:11 link do post
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