Dói um bocado assistir ao estado razoavelmente abandonado em que se encontra o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, célebre jardim científico que foi projectado em meados do século XIX e, segunda reza a história, começado a plantar em 1873 - por iniciativa dos professores Conde de Ficalho e Andrade Corvo -, vindo a ser inaugurado durante o ano de 1878.
Se é verdade que mantém uma enorme diversidade de plantas oriundas dos quatro cantos do mundo - basta consultar o pequeno folheto que é fornecido aos visitantes para se ficar a saber da notável variedade de palmeiras de todos os continentes, da preservação das cicadáceas, da riqueza em espécies tropicais originárias da Austrália, Nova Zelândia, China, Japão e América do Sul, sem esquecer as particularidades dos microclimas criados neste Jardim -, o desmazelo provocado pela falta de condições financeiras para a sua manutenção regular, cria um certo desconforto em quem por lá passa, embora deva reconhecer que, apesar de tudo isso, não deixamos de passar uma tarde (como foi o meu caso) agradável e de sentir algum fascínio pelo tom declaradamente romântico de finais do século XIX que se vive naquele espaço.
Resta aguardar pela aprovação de novos projectos para a sua recuperação, porque, evidentemente, seria uma pena perder-se um espaço tão significativo e um dos ex-libris da capital.
Vale a pena também visitar, dentro do jardim, o Lagartagis, a estufa aberta ao público e destinada à criação de borboletas comuns da fauna europeia nas diversas fases do seu ciclo de vida.