a dignidade da diferença
13 de Abril de 2014

 

 

Agora que estamos envolvidos em mais uma polémica, desta vez entre a segunda figura do Estado e os Militares de Abril (mais os sinais saudosistas do ex-Presidente da Comissão Europeia em relação ao sistema de ensino do Estado Novo), nunca é demais recordar e agradecer a acção determinante destes últimos para acabar com um regime ditatorial responsável, por exemplo, pela criação, a partir da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), de uma polícia política – a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), a qual, a partir de 1969, mudaria o nome para Direcção Geral de Segurança (DGS) – cujo comportamento criminoso foi o espelho da doutrina ideológica que orientou toda a actividade governativa desse regime repressivo e dos seus actores políticos.  E não convém ainda esquecer a decisão dos militares de regressar, anos mais tarde - muito cedo, no entanto, quando comparado com situações semelhantes noutros países -,  exclusivamente à vida dos quartéis, entregando os destinos do país à sociedade civil. Para convocar consciências, instruir os ignorantes e recuperar a memória dos que sofrem de amnésia, nada melhor que a leitura de A História da PIDE, o notável e laborioso trabalho da historiadora Irene Flunser Pimentel. Fica-se a conhecer, nesta obra, a conduta repressiva da PIDE em relação a quem ousasse contestar o regime (os adversários); a sua relação com o Estado; os métodos utilizados, desde a vigilância à investigação, sem esquecer as modalidades de tortura e as suas vítimas. Uma obra de investigação essencial, embora, quando procura fazer um registo exaustivo dos detalhes, caia, por vezes, numa análise excessivamente minuciosa, não evitando algum cansaço a quem decide investir o seu tempo em tão importante aprendizagem. Mas o balanço final é francamente positivo.

24 de Agosto de 2009

 

 

 

Como complemento do post anterior, aproveito para aconselhar a fotobiografia de José Afonso, principlamente pelo óptimo texto de Irene Flunser Pimentel que, por força de um notável rigor biográfico, conta-nos praticamente tudo o que interessa saber sobre o magnífico músico (entre muitas outras coisas) português.

Se de algum pecado se pode acusar a autora é precisamente esse excesso de informação que, por vezes, provoca no leitor algum cansaço, compensado, contudo, pelo imenso prazer que nos provoca o contacto com os inesquecíveis momentos vividos por José Afonso desde os seus tempos de estudante até ao reconhecimento tardio que veio com a sua morte em 1987 - como tantas vezes acontece neste país -,  sem esquecer, inevitavelmente, os momentos em que o músico/poeta/cantor fez história com os seminais Cantigas do Maio, Eu Vou Ser Como a Toupeira, Venham Mais Cinco ou Como Se Fora Seu Filho, ou a sua participação activa como cidadão que, nas palavras certeiras de José Mário Branco, não será tão importante como «o Zeca músico, poeta, criador artístico, pois este representa um valor universal que raramente a cultura de um país pode ter».

Um imensa vida de andarilho de um autor que será, provavelmente - com Amália Rodrigues -, a figura mais consensual da música portuguesa.

 

publicado por adignidadedadiferenca às 00:47 link do post
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