Nascido em Nova Iorque, em 1947, Murray Perahia é um pianista e maestro mundialmente reconhecido. Estudou no Mannes College, de Nova Iorque, e viu a sua carreira lançada quando venceu o Concurso Internacional de Piano de Leeds, em 1972. Perahia tocou acompanhado por grandes orquestras e ganhou inúmeros prémios durante a sua longa carreira. Mas, na verdade, não é bem isso o que nos interessa. Dono de uma técnica irrepreensível, o pianista domina o instrumento como poucos. Contudo, desprezando as efusivas e inócuas manifestações de virtuosismo, prefere imprimir ao seu instrumento de eleição uma dinâmica, uma agilidade e uma respiração profundamente originais e colocadas apenas ao serviço da música.
Notável intérprete de Mozart - cuja obra dirigiu, muitas vezes, directamente do piano -, é, porém, com Songs Without Words (no qual interpreta Bach/Busoni, Mendelssohn e Schubert/Liszt), de 1999, e Goldberg Variationen (de Bach), de 2000, que o talento de Murray Perahia atinge a sua máxima expressividade. Percorrendo todas as notas até lhes explorar magnificamente o silêncio, Perahia assina duas obras admiráveis, cujas peças são idealizadas com uma concisão, uma diversidade e uma descrição ímpares; o caso não é para menos: o pianista norte-americano transcreve, improvisa e canta passagens melódicas de um lirismo e de uma fragilidade absolutamente comoventes.