Hedningarna (discografia de 1992 a 1994), os anos em que a Escandinávia tomou conta, musicalmente, do resto da Europa
Depois do(a)s Varttina chegou a vez de cumprirmos a promessa. Dos vizinhos do lado, veio uma ambição claramente mais futurista, acompanhada pela loucura da transgressão e da inovação.
Maquinaria electrónica, instrumentos criados no momento para dar corpo e resposta às ideias do grupo, que passavam por uma fase de constante ebulição.
E para o fim fica, talvez, o mais importante: O respeito (ainda) pela tradição, apesar do inacreditável carregamento explosivo e a certeza de termos sentido, pelo menos em «Kaksi!», o espírito de Jimi Hendrix a pairar sobre todas as músicas (e no concerto que deram em Algés, a espremer a gaita-de-foles de Anders Stake).
A tradição virada do avesso por uma atitude rock'n'roll - também lhe chamaram pós-punk - em comunhão perfeita com uma perspectiva de fim de milénio (que se aproximava, inevitavelmente).
Resta falar da extraordinária semelhança entre o conjunto de vozes femininas, verdadeiramente viciantes, e ainda a mesma celebração - quase como se se tratasse de um ritual -, que ambos os grupos sentiam pela música e pela vida.
Se foram concebidos na sua terra natal, tanto os álbuns das (ou dos) Varttina como os dos Hedningarna, atravessaram todas as fronteiras existentes na folk e deram expressão real ao conceito «música do mundo», que, a partir de então, nunca mais foi o mesmo.