a dignidade da diferença
16 de Agosto de 2016

 

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«A maior parte dos alunos da escola secundária e da universidade detestam Física porque por norma ela é ensinada como um complicado conjunto de fórmulas matemáticas, Não é essa a minha abordagem no MIT, e não é essa a abordagem deste livro. Apresento a física como uma forma de ver o nosso mundo, revelando territórios que de outra forma permaneceriam escondidos – das minúsculas partículas subatómicas à imensidão do universo. A física permite-nos ver as forças invisíveis em jogo a toda a nossa volta, da gravidade ao electromagnetismo, e estar alerta não só aos sítios mas também às ocasiões em que encontramos arco-íris, halos, arcos de nevoeiro e auréolas, e talvez até arcos de vidro. Todos os físicos pioneiros alteraram o modo como vemos o mundo. (…) É por isso que vejo uma relação fascinante entre a física e a arte. A arte pioneira também é um novo modo de ver, uma nova forma de olhar o mundo. (…) Se olharmos em retrospectiva a arte do Renascimento até aos dias de hoje, identificamos uma tendência clara. Os artistas foram eliminando os constrangimentos impostos pelas tradições dominantes: de tema, forma, materiais, perspectiva, técnica e cor. No fim do século XIX abandonaram completamente a ideia de arte como representação do mundo natural. A verdade é que agora consideramos muitas destas obras pioneiras magníficas, mas a intenção dos artistas era outra, inteiramente diferente. Tencionavam introduzir uma nova forma de olhar o mundo. Muitos dos trabalhos que hoje consideramos criações icónicas e belíssimas (…) receberam críticas hostis no seu tempo. Os actualmente adorados impressionistas (…) enfrentaram igualmente comentários derisórios quando começaram a mostrar os seus quadros. (…) Uma nova forma de olhar o mundo nunca fica na nossa zona de conforto, é sempre um balde água fria. Considero essa água revigorante, estimulante, libertadora. E encaro o trabalho pioneiro em física da mesma forma. Sempre que é dado pela física mais um dos seus maravilhosos passos reveladores de territórios anteriormente invisíveis ou obscuros, passamos a ver o mundo de outra forma.»

Walter Lewin, For the Love of Physics

 

29 de Agosto de 2013

 

 

«A teoria das cordas, tal como é entendida, postula que o mundo é essencialmente diferente do mundo que conhecemos. Se a teoria das cordas estiver certa, o mundo tem mais dimensões e muito mais partículas e forças do que as observadas até ao momento. Muitos teóricos das cordas falam e escrevem como se a existência dessas dimensões e partículas adicionais fosse um facto comprovado, de que nenhum bom cientista pode duvidar. Mais de uma vez algum teórico das cordas me disse coisas como “quer dizer que tu achas que é possível não existirem dimensões extra?”. Na verdade, nem a teoria nem a experiência oferecem qualquer indício de que existam dimensões extra. Um dos objectivos deste livro é desmistificar as afirmações da teoria das cordas. As ideias são bonitas e com boa motivação. No entanto, para entender por que razão não levaram a um progresso maior temos de ser claros precisamente quanto ao que os dados apoiam e ao que ainda está a faltar. Uma vez que a teoria das cordas é um empreendimento de tão alto risco – não sustentado pela experiência, apesar de muito generosamente apoiado pelas comunidades académicas e científicas -, existem apenas duas maneiras de a história acabar. Se a teoria das cordas se revelar correcta, os teóricos das cordas passarão a ser os maiores heróis da história da ciência. Com base num punhado de pistas – tosas elas de leitura ambígua -, terão descoberto que a realidade é muito mais vasta do que se imaginava. (…) Por outro lado, se os teóricos das cordas não tiverem razão, não podem estar apenas um pouco errados. Se as novas dimensões e simetrias não existirem, incluiremos os teóricos das cordas entre os maiores fracassados da ciência, como aqueles que continuaram a trabalhar nos epiciclos de Ptolomeu na altura em que Kepler e Galileu avançaram. Sobre eles serão contadas histórias de advertência acerca do modo como não se deve fazer ciência, como não permitir que a conjectura teórica fique tão para além dos limites do que pode ser racionalmente argumentado que o seu autor comece a envolver-se em pura fantasia.»

Lee Smolin, O Romper das Cordas, Ascenção e Queda de uma Teoria e o Futuro da Ciência

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