a dignidade da diferença
14 de Novembro de 2021

 

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Em 2011, no aclamado «Pensar, Depressa e Devagar», o psicólogo Daniel Kahneman descrevia a vida mental através da metáfora de dois agentes, chamados Sistema 1 e Sistema 2, que produzem respetivamente o pensar depressa e o pensar devagar, referindo-se às características do pensamento intuitivo e do deliberado como se fossem traços e disposições de duas personagens na nossa mente, afirmando que da investigação recente se chega à imagem de um intuitivo Sistema 1 mais influente do que aquilo que a nossa experiência nos diz, autor oculto de muitas escolhas e juízos que construímos. A maior parte desse livro examinava o funcionamento do Sistema 1 e as mútuas influências entre os dois sistemas. Em co-autoria com outros dois académicos, Olivier Sibony e Cass R. Sunstein, Kahneman regressa com «Ruído», cujo tópico é o erro humano, em que o enviesamento (desvio sistemático) e o ruído (dispersão aleatória) são componentes diferentes do erro. Nesta obra os autores explicam o que pode correr mal no juízo humano, no domínio das diferentes decisões que as pessoas tomam em nome de organizações, concluindo que muitas organizações são «afectadas por juízos enviesados e ruidosos». Dividido em seis partes, o livro observa a diferença entre ruído e enviesamento, pesquisa a natureza do juízo humano e explora a forma de determinar as margens de erro e precisão, afirma a vantagem de regras, fórmulas e algoritmos para fazer previsões, explica as causas determinantes do ruído, questiona como podemos melhorar os juízos, observa o que nos pode beneficiar e prejudicar no momento de tomar decisões e trata, por fim, da questão quanto ao nível adequado de ruído, preocupando-se em auxiliar os leitores a ultrapassar o ruído e o enviesamento tendo como finalidade melhorar a qualidade das suas decisões cujo impacto (e custo) supera o que estes imaginam.

 

publicado por adignidadedadiferenca às 22:58 link do post
23 de Fevereiro de 2016

 

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Uma das passagens mais admiráveis do livro Being Mortal ocorre quando o seu autor, o cirurgião, escritor e investigador Atul Gawande, incide sobre a decisão de uma paciente quanto à sujeição ou não a uma cirurgia, após a avaliação dos seus riscos. Atul Gawande explica que «o cérebro dá-nos duas maneiras de avaliar experiências como o sofrimento – há a maneira como apreendemos essas experiências no momento e como as encaramos mais tarde – e essas duas maneiras são profundamente contraditórias». Aproveitando uma série de experiências descritas pelo investigador Daniel Kahneman – que poderão ser lidas na sua obra fundamental, Thinking, Fast and Slow – o cirurgião lança alguma luz sobre o assunto. No seguimento dessas experiências sobreveio um fenómeno que Daniel Kahneman designou como «a regra do pico-fim». Como o próprio esclareceu, esta regra consiste na média da dor sentida em dois momentos significativos: o momento derradeiro e o momento mais doloroso sentido durante a referida operação. Desta resultou a atribuição de dois eus distintos às pessoas: um eu que vive as coisas e um eu que as recorda. A regra do pico-fim, bem como a tendência para as pessoas ignorarem a duração do sofrimento, foi, segundo Daniel Kahneman, confirmada por estudos realizados nos mais variados contextos. «Se o eu que vive e o eu que recorda podem ter opiniões diferentes sobre a mesma experiência, a qual dos dois devemos dar ouvidos?» – interroga-se Atul Gawande. Regressando à decisão que a sua paciente deve tomar, deverá esta observar o eu que recorda e antecipa, convergindo nas coisas piores que poderá sofrer, ou o eu que vive e que terá um nível médio de sofrimento mais baixo no futuro imediato? Com efeito, ao contrário do eu que vive, absorvido no instante, o eu que recorda tenta compreender como se desenvolve a história como um todo. E numa história, sublinhe-se, o final é importante…

 

13 de Janeiro de 2013

 

 

Já tive a oportunidade de destacar a importância do livro escrito pelo psicólogo Daniel Kahneman, Pensar, Depressa e Devagar, o qual explica admiravelmente o método de funcionamento dos dois sistemas que fixam o nosso modo de pensar e explica o seu método de funcionamento: enquanto o primeiro é intuitivo e emocional, o segundo é menos célere, mais lógico e ponderado. Mas a questão que hoje trago à colação não se relaciona com aqueles sistemas tão determinantes para as nossas decisões. No decorrer da análise que modela o fio condutor da obra, o seu autor – de forma não intencional - fornece um exemplo magnífico do significado do processo de ajustamento que a Troika nos quer impor com a aprovação dos nossos governantes; muito simplificado, é certo, mas assim percebem todos. Querem a demonstração? Passo a citar: «Uma pequena loja de fotocópias tem um empregado que lá trabalha há seis meses e ganha 9 dólares por hora. O negócio continua a ser satisfatório, mas houve uma fábrica na zona que fechou e o desemprego aumentou. Outras lojas semelhantes contrataram agora empregados de confiança a 7 dólares à hora para desempenharem tarefas semelhantes às realizadas pelo empregado da loja de fotocópias. O proprietário da loja reduz o salário do empregado para 7 dólares.» Plano de ajustamento é isto.

06 de Outubro de 2012

 

 

«A procura espontânea de uma solução intuitiva por vezes falha – nem uma solução de especialista nem uma resposta heurística surgem na mente. Em tais casos, descobrimo-nos a mudar para uma mais lenta, mais deliberada e mais esforçada forma de pensar. É o pensar devagar do título. Pensar depressa inclui as duas variantes do pensamento intuitivo – a de especialista e a heurística -, bem como as atividades mentais inteiramente automáticas da perceção e da memória, operações essas que nos permitem saber que está um candeeiro sobre a mesa, ou relembrar o nome da capital da Rússia. A distinção entre pensar depressa e pensar devagar foi explorada por muitos psicólogos durante os últimos vinte anos. Por razões que explicarei mais detalhadamente no próximo capítulo, descrevo a vida mental através da metáfora de dois agentes, chamados Sistema 1 e Sistema 2, que produzem respetivamente o pensar depressa e o pensar devagar. Falo das características do pensamento intuitivo e do deliberado como se fossem traços e disposições de duas personagens na nossa mente. Na imagem que emerge da investigação recente, o intuitivo Sistema 1 é mais influente do que aquilo que a nossa experiência nos diz e é o autor secreto de muitas escolhas e juízos que fazemos. A maior parte deste livro é acerca do funcionamento do Sistema 1 e das influências mútuas entre ele e o Sistema 2.»

Pensar, Depressa e Devagar, de Daniel Kahneman (tradução de Pedro Vidal). 

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