a dignidade da diferença
06 de Maio de 2017

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Decorado sumptuosamente nos cenários luminosos de Las Vegas, "One From the Heart", exuberante celebração do artificial, da autoria de Francis Ford Coppola e com música de Tom Waits - história agridoce de um homem e uma mulher ocasionalmente desavindos, cada qual com o seu sonho concretizado noutra mulher e noutro homem - representou, em 1982, a renovação do esgotado cinema musical, evoluindo estruturalmente entre planos em constante metamorfose, num singular registo de opereta e pantomina, nele emergindo alguns belíssimos momentos de toda a história do cinema musical, como, entre outros, o número de dança colectiva nas ruas ou a belíssima canção de Nastassja Kinski, "Little Boy Blue"..

publicado por adignidadedadiferenca às 00:58 link do post
09 de Novembro de 2013

 

 

Só esta semana é que tive a oportunidade, com a publicação de uma caixa de três DVDs, de dedicar a necessária atenção à obra, ainda curta e insuficientemente louvada, do cineasta James Gray. O que une The Yards (Nas Teias da Corrupção) e We Own the Night (Nós Controlamos a Noite) diz respeito ao retrato hipertenso do (sub) mundo do crime, da droga, dos negócios corrompidos, da violência ou dos jogos de poder. James Gray filma este universo, destacando, contudo, a existência de uma espécie de código de honra em defesa da família – mesmo quando os seus membros percorrem percursos antagónicos -, na tradição americana de John Ford ou de Francis Ford Coppola, mas aqui, porventura, ainda mais acentuado. Se as respetivas histórias, só por si, já possuem a estrutura e o engenho suficientes para imprimir uma dinâmica e um ritmo assinaláveis, é, no entanto, a poesia do olhar que transparece através da câmara, assim como a sua densidade dramática (tanto na utilização da cor, como na subjetividade dos planos), que confere uma evidente personalidade ao cinema de Gray.

 

 

Por outro lado, o cineasta consegue ainda, num estilo silencioso e com uma prodigiosa contenção de meios, elevar as relações entre as personagens a um nível de emoção e intensidade tais que, no cinema americano, só o brilho do olhar de David Cronenberg - no ponto em que este o deixou em A History Of Violence e Eastern Promises - lhe é comparável. Por sua vez, Two Lovers (Duplo Amor) foge razoavelmente às características mais básicas dos filmes anteriores e narra, desta vez, sob um manto de romantismo, a história melodramática de Leonard, que se divide entre duas paixões. O filme, porém, escapa elegantemente aos estereótipos do cinema romântico contemporâneo e atravessa, ainda que de forma mais subtil, o universo típico do cinema de James Gray. São os casos da continuada parábola do filho pródigo, das personagens perturbadas e atormentadas, e da exploração, mais uma vez, de um conceito muito próprio da família americana. Aguarda-se pois, com redobrado interesse, o mais recente trabalho do cineasta, The Immigrant, ainda não estreado no nosso país.

 

 

03 de Setembro de 2008

 

Agora que já devorei o livro apresentado pela Fundação Calouste Gulbenkian e escrito por João Bénard da Costa, é hora de regressar a «Como o cinema era (é) belo».

No livro, fui, deliciado, percorrendo uma história cinematográfica sob um ponto de vista geográfico, recordando lenta e introspectivamente os belíssimos filmes que já tinha visto. Filmes italianos, franceses, do leste europeu, norte-americanos (a grande fatia), suecos, indianos, japoneses, árabes, dinamarqueses, ingleses e de outros pontos do planeta que seria exaustivo mencionar.

Vieram-me à memória realizadores de filmes mal-amados, filmes mudos, filmes a preto e branco, filmes de sempre e filmes esquecidos. Com os cineastas chegaram-me os actores e as actrizes. Bogart, Cary Grant, James Stewart, Wayne, Fonda, Welles, Warren Beatty, Tcherkassov, Michel Simon, Guru Dutt, Maureen O’Hara, Kim Novak, Dietrich, Jean Seberg, Gene Tierney, Natalie Wood, Elena Kuzmina, Ingrid Bergman, Alida Valli e mais um número infindável de nomes inesquecíveis.

De todos eles se falou neste livro. Como também se «mostraram» cinquenta filmes imensos que, no meu caso, serão guardados – uns mais do que outros, naturalmente – num cantinho qualquer da memória. De dois, principalmente, já quase me tinha esquecido, tão rara e difícil é a sua visão: do hiper-romântico e trágico Flores de papel do indiano Guru Dutt (de 1959) e do poético e milagroso À beira do mar azul do soviético - na altura - Boris Barnet (de 1936).

 

Vou, a partir daqui, seguir a mesma sequência lógica a que me propus no «post» inicial. Serão lembrados filmes do livro e filmes que aí não são referidos. O importante é (aproveitando a oportunidade) falar de como o cinema era, e ainda é, (muito) belo.

 

E, apenas porque o revi ontem, até vou começar por um filme estranho ao ciclo: Rumble fish de Francis Ford Coppola. Uma pérola intensa, cerebral, cheia de sombras e de nevoeiro, uma espécie de jóia negra com um Matt Dillon muito próximo, fisicamente e no tipo de atitude, daquilo que poderia ter sido um Jeff Buckley actor em vez de músico, um Mickey Rourke que nunca mais voltou a ser tão bom a fazer o papel de um tipo meio louco meio herói, sem esquecer uma BSO magnífica e experimental assinada por Stewart Copeland, perfeitamente enquadrada no ritmo das palavras e das imagens e suficientemente autónoma e personalizada para sobreviver sem essa âncora, que deixava a milhas de distância toda a discografia dos Police. Tal como Rumble fish estava a anos-luz do inocente e açucarado The Outsiders.

 

 

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