a dignidade da diferença
07 de Junho de 2011

 

«Mizoguchi está para o cinema como Bach para a música, Shakespeare para a literatura e Tiziano para a pintura. É o maior», Jean Douchet

 

Os Contos da Lua Vaga

 

Surge, por fim, com distribuição da Monroe Stahr, a oportunidade de ver (e de guardar religiosamente), em edição nacional, dois dos mais belos e extraordinários filmes do genial cineasta japonês, Kenji Mizoguchi - em cópias restauradas e, sobretudo a de Os Amantes Crucificados, num estado imaculado. Trata-se dos celebérrimos e míticos Ugetsu Monogatari (Os Contos da Lua Vaga), de 1953, e Chikamatsu Monogatari (Os Amantes Crucificados), de 1954, assinados depois de fundada a glória ocidental quando os europeus abriram os olhos para o cinema de Mizoguchi durante a apresentação de Saikaku Ichidai Onna (A Vida de O’ Haru), no Festival de Veneza de 1952, a quem foi atribuído o Leão de Prata - que Os Contos da Lua Vaga e  Sanshô Dayú (O Intendente Sansho) conquistaram sucessivamente -, após o sucesso imediatamente anterior de outro japonês: Akira Kurosawa (com Rashomon, As Portas do Inferno).

 

 

Os Amantes Crucificados

 

Mizoguchi assina ambos os filmes num período em que já domina na perfeição a sua suprema e inesgotável arte pictórica e narrativa como, por exemplo, o uso assombroso e preciso do plano-sequência para evidenciar os instantes de intensa densidade psicológica, a maestria dos travellings, as admiráveis elipses figurativas, a dimensão sobrenatural, ou os lentíssimos e admiráveis movimentos de câmara envoltos numa sublime poesia visual. E temos ainda a compaixão e a dimensão trágica dos personagens, o sentido estético e a fulgurante capacidade para pintar autênticos quadros nas sequências que filma (a luz de Vermeer e Rembrandt, as cores de Tiziano, o renascimento…), a melódica e harmónica estrutura arquitectónica, ou o imenso amor que o cineasta nutre pelas mulheres traduzido na exemplar expressão da sua complexidade psicológica, moral e social. E fiquemos por aqui para evitar que nos estendamos indefinidamente. O cinema de Mizoguchi, mesmo após a passagem de todos estes anos, continua a ser um bálsamo para os sentidos.

27 de Abril de 2008

 

Sansho Dayu (O intendente Sansho) - Kenji Mizoguchi (1954)

 

Refiro-me à cena do suicídio de Anju, que, certeiramente,  João Bénard da Costa considera ser o momento mais sublime da arte modulatória do cineasta, cuja luz irreal que vemos no campo de flores, o conhecido crítico apenas encontra comparação com a do quadro de Tiziano «A apresentação de Maria ao templo».

 

 

 

 

 

Inesquecível, de resto, todo o filme mais a prodigiosa música que Fumio Hayasaka para ele compôs e cuja BSO, suponho, não deverá existir em suporte digital.

 

 

 

E, já agora, quando terá o DVD edição portuguesa?

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