Retrato da viagem que Henry Miller fez à Grécia a convite de Lawrence Durrell, O Colosso de Maroussi, publicado em 1941, é uma prodigiosa coleção de pequenas histórias vividas pelo seu autor. Uma linguagem vibrante e fascinante onde se cruzam as emoções sentidas por Miller, entre o encantamento e o entusiamo próprios de quem acaba de mergulhar num momento transcendente e essencial. Uma viagem ao coração da pátria dos deuses - para a qual contribuiu decisivamente Betty Ryan, com quem Miller partilhou casa em Paris, ao transmitir-lhe a sua verdadeira atmosfera -, que nos conduz ao seu espaço físico, às suas personagens e aos seus contrastes, onde Henry Miller procura uma correspondência entre passado e presente (entre a luminosidade anterior e o progresso cómodo mas frio), cuja escrita inconformista – ampla e justificadamente hiperbólica - mistura estados de alma tão contraditórios ou complementares como introspeção, narrativa, reflexão, adoração ou paixão. Um manjar rico e inesgotável, digno de verdadeiros deuses. Uma obra que respira uma sensualidade muito mais atrativa, por exemplo, que o famoso erotismo de Sexus, Nexus e Plexus. Como escreve Carlos Vaz Marques, no prefácio, «Se ao ler este livro o leitor não sentir nem por um instante o irreprimível impulso de embarcar de imediato a caminho da Grécia, isso só pode significar que é alguém imune ao sortilégio das palavras, alguém para quem a literatura de nada serve».