Poesia sónica, electricidade, energia pura e vital, negativo da América profunda em cinemascope, eram assim, líricos e incendiários, o Bruce Springsteen e a E Street Band em 1978, ano em que saiu o extraordinário Darkness On The Edge Of Town. Deixamos aqui três exemplos da sua prestação ao vivo: Candy's Room, Streets of Fire e Darkness on the Edge of Town; pura dinamite! Em suma: rock’ n’ roll essencial.
Antecipando a verdadeira arca do tesouro que é a edição de luxo de The Promise: The Darkness on The Edge of Town Story, de Bruce Springsteen, a qual inclui 3 DVD (com imagens inéditas de estúdio e um documentário) e 3 CD (a gravação original e os 21 temas inéditos), está à venda nas lojas o CD duplo The Promise, The Lost Sessions: Darkness on The Edge of Town, que reúne e confirma a extraordinária riqueza estética do material inédito e o fascinante modelo criativo do músico norte-americano, precisamente na sua fase de maior fulgor, isto é, durante as gravações do emblemático álbum de 1978. O regresso a preto e branco e em cinemascope de Springsteen, retrato crucial da América mítica e profunda da Band e de Bob Dylan, filtrado pela energia sonora, simultaneamente lírica e vital, da banda que o acompanhava na altura.
Sinais de vida num corpo moribundo
Eu sei que passaram cerca de duas semanas - a cerimónia realizou-se no último dia 10 de Fevereiro -, mas não queria deixar de chamar a atenção para aquilo a que, e vamos ser generosos, se pode chamar pequenos sinais de mudança. Então não é que a indústria discográfica, em mais uma gala dos Grammy Awards, para além de premiar os habituais músicos bolorentos, bafientos e esteticamente desclassificados, decidiu consagrar cinco vezes o imenso talento de Amy Winehouse (e, por acréscimo, a música soul), atribuir 2 prémios ao extraordinário e negríssimo último álbum de Bruce Springsteen e eleger como disco do ano «River: The Joni letters» de Herbie Hancock, nome essencial na história do jazz (apesar da mais recente gravação não ser particularmente recomendável)?
Como não me parece que seja coisa para continuar, que isto de agitar cabeças e pô-las a pensar não convém mesmo nada, há que aproveitar a generosidade e dar os parabéns aos eleitos, que para o ano devemos voltar ao habitual mínimo denominador comum.
Claro que - faltava a alfinetada -, apesar de Amy Winehouse, quem merecia ganhar o prémio de melhor intérprete de «soul music» era, sem concorrente à altura, a assombrosa Nicole Willis e a sua banda «Soul Investigators». Mas estes, quem conhece?