a dignidade da diferença
05 de Janeiro de 2012

Mais do que a relevância dada aos eleitos, o que realmente marca nas habituais listas dos melhores do ano é o esquecimento a que imerecidamente são votadas algumas das mais belas gravações daquele período. Aproveitamos, por conseguinte, a ocasião para reparar essa injustiça. De fora ficaram e não deviam: The Unthanks, Amy Winehouse (uma recolha que, embora algo desequilibrada, revela que o melhor ainda estava para vir), Nina Nastasia (escutado apenas em 2011, mas foi afastado porque o disco é do ano anterior), PJ Harvey, St. Vincent (do género primeiro estranha-se depois entranha-se), Fujiya & Miyagi, Joe Lovano, The Bill Dixon Orchestra (com a reedição do revolucionário e inclassificável Intents and Purposes), Wave Pictures, o veteraníssimo Paul Simon (há anos que não reunia numa única gravação uma colecção de canções tão boa), The Feelies (um óptimo e abrasivo regresso), a magnífica leitura que Christina Pluhar fez de Vespro Della Beata Vergine, de Monteverdi, e a soul clássica de Sharon Jones & The Dap-Kings. Deixamos então a nossa lista (perfeitamente aleatória) dos preferidos. Hoje apresentamos esta, amanhã, muito provavelmente, seria outra bem diferente.

 

Alela Diane & Wild Divine

 

 Anna Calvi

 

Björk, Biophilia

 

Charles Bradley, No Time For Dreaming

 

Donizetti/Netrebko/Garanča/Pidò, Anna Bolena (DVD)

 

Fred Hersch, Alone at the Vanguard

 

 Hidden Orchestra, Night Walks

 

Jono McCleery, There Is

 

June Tabor, Ashore (ou Ragged Kingdom, com a Oyster Band)

 

Laura Marling, A Creature I Don't Know

 

 Lisa Batiashvili/Esa-Pekka Salonen, Echoes of Time

 

Liszt/Barenboim/Boulez, The Liszt Concertos

 

Liszt/Nelson Freire, Harmonies du Soir

 

Marty Ehrlich's Rites Quartet, Frog Leg Logic

 

Miles Davis Quintet, Live in Europe 1967

 

My Brightest Diamond, All Things Will Unwind

 

Steve Reich/Kronos Quartet, WTC 9/11

 

Thao & Mirah

 

Tom Waits, Bad As Me

 

tUnE-yArDs, Whokill
02 de Janeiro de 2011

 

A quantidade de música escutada durante o ano que findou é absolutamente irrelevante se confrontada com a produção musical do mesmo no panorama internacional. Não podemos, por essa razão, elaborar uma lista dos melhores. Fica então uma pequena amostra dos discos de que mais gostámos. Ficaram de fora, mas podiam perfeitamente ter entrado, Sigh No More, dos Mumford & Sons, I Speak Because I Can, de Laura Marling (talvez o melhor disco folk), Queen Of Denmark, de John Grant, The Wonder Show Of The World, de Bonnie ‘Prince’ Billy, Eleanora Fagan To Billie With Love, de Dee Dee Bridgewater, Broken Record, de Lloyd Cole, e Scratch My Back, de Peter Gabriel. Os Vampire Weekend e The National excederam-se em relação aos álbuns anteriores, Marcos Valle ressuscitou literalmente, foi dos Empirical a melhor homenagem do ano (a Eric Dolphy), e os Efterklang terminaram 2010 em beleza. Fica a lista.

 

    

 

  Laurie Anderson, Homeland

 

 

 

  Dropkick Murphys, Live On Lansdowne Boston MA

 

 

  Efterklang, Magic Chairs

 

 

 Empirical, Out 'n' In

 

  

  Field Music

 

 

 

  Michael Formanek, The Rub And Spare Change

 

 

 

  The Gaslight Anthem, American Slang

 

 

 

  Matthew Herbert, One One

 

 

 

 Keith Jarrett/Charlie Haden, Jasmine

 

 

 

Leoncavallo/Veronesi/Domingo, La Nuit De Mai

 

 

The National, High Violet

 

 

  Arvo Pärt/Esa-Pekka Salonen, Sinfonia n.º 4

 

 

 

Richard Strauss/Haitink, Eine Alpensinfonie

 

 

 

  Stravinsky/Boulez, Pierre Boulez Conducts Stravinsky

 

 

 

  Stravinsky/Revuelta/Dudamel, Rite

 

 

 

  Marcos Valle, Estática

 

 

 

Vampire Weekend, Contra

 

 

The Walkmen, Lisbon

  

 

The Wave Pictures, If You Leave It Alone

  

 

Vários, Pulp Fusion

01 de Março de 2010

 

 

 

 

 

 

Uma colecção de seis CD que reúne alguma da mais célebre e admirável música escrita pelo genial compositor russo, aqui filtrada por um olhar minucioso e atento a todos os detalhes da revolucionária partitura de Stravinsky. Uma edição a não perder por nada deste mundo, onde se pode escutar, entre peças menos conhecidas mas não menos essenciais,  A História do Soldado, A Sagração da Primavera, O Pássaro de Fogo, Pétrouchka ou a A Sinfonia dos Salmos.

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 00:11 link do post
20 de Janeiro de 2009

 

Pelléas et Mélisande - Claude Debussy/Pierre Boulez/Peter Stein/Alison Hagley/Neill Archer/Donald Maxwell (1992)

 

 

 

Depois de umas pequenas e bem gozadas férias, eis-me de regresso aos discos que nunca mais vou esquecer (a não ser que o mundo dê uma grande volta).

E pela primeira vez vou escolher uma ópera que, se não estou enganado, muito poucos se lembrariam de referir como a sua peça preferida. Com certeza que a maioria das escolhas iria recair sobre alguma das obras de Mozart, de Wagner ou de Verdi; pelo menos destes.

Todos eles são autores de obras geniais e, cada um com o seu estilo, fizeram avançar um pouco mais os limites até então estabelecidos para este género musical e dramático. Mas, confesso que em todas essas obras admiráveis não consigo encontrar uma que tenha aparecido, literalmente, do nada como se de um cometa se tratasse. Falo de Pelléas et Mélisande, a obra-prima do francês Claude Debussy que permanece uma ópera única e profundamente original tal como o era na altura em que viu a luz do dia. Não veio agarrada à tradição nem teve quaisquer seguidores, mas continua a fascinar imenso pela sua estranha e melancólica beleza e, graças à sua singularidade, por ter dito o que tinha para dizer de forma definitiva.

Pelléas et Mélisande é a adaptação da peça simbolista de Maeterlinck e conta-nos a história de um amor proibido: Mélisande apaixona-se por Pelléas, mas está noiva do seu irmão Golaud.

 

 

 

Tudo, mas mesmo tudo, é magnífico nesta assombrosa ópera de Debussy. Desde o modo paradigmático como o autor consegue escapar a qualquer espécie de sentimentalismo inócuo ao expressar-se de forma precisa e realista, como podemos comprovar nessa fabulosa cena que abre o terceiro acto e onde se desenrola uma apaixonada história de amor. Nela, Debussy recusa-se a utilizar qualquer palavra que fale de amor, apenas lhe basta para nos encantar a sua subtil sensibilidade orquestral.

Muito haveria para dizer sobre esta obra – como esquecer, por exemplo, os longos cabelos de Mélisande? -, mas fico-me pela plasticidade das vozes recitadas que combinam na perfeição com o contínuo fundo orquestral feito da mais pura seda, ou, ainda, pela invulgar ligação entre as cenas, concretizada por belíssimos interlúdios musicais que dão continuidade ao drama misterioso que se vai desenvolvendo.

Peter Stein encena o drama musical de forma cinematográfica, abrindo mão de uma série bastante diversificada de enquadramentos que combinam, de forma exemplar, com o espaço físico e musical. Quanto a Pierre Boulez, chega dizer que, uma vez mais, oferece aos seus ouvintes uma leitura magistralmente detalhada e marcadamente pessoal da genial partitura musical de Claude Debussy, dando um passo mais rumo à consolidação do conceito do  intérprete-compositor.

Para ver, rever e divulgar. Nunca é demais.

 

Acto I, Cena III 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:46 link do post
03 de Agosto de 2008

 

A sagração da Primavera  (Le sacre du printemps) - Igor Stravinsky/Pierre Boulez/The Cleveland Orchestra (1992)

 

 

Fazendo parte das principais composições da fase inicial da obra do compositor russo Igor Stravinsky – os três bailados encomendados por Diaghilev -, este retrato vivo dos sacrifícios rituais da Rússia pagã introduziu um nível de dissonância e ousadia rítmica que provocou tumultos entre o público que assistiu à sua estreia em Paris, corria o ano de 1913, e marcou toda a história posterior da música do século XX, tornando-se um dos marcos incontornáveis da música de vanguarda.

Se o ritmo, nas suas mais admiráveis formas, constitui o centro da sua obra, é na Sagração da Primavera que atinge a sua pele mais elaborada. É verdade que já foi considerada como o cúmulo do primitivismo (como se isso fosse mau) – Cocteau, por exemplo, chamou-lhe Pastoral do mundo pré-histórico -, mas a obra viria a impor-se pela sofisticação rítmica, pela combinação ambígua de acordes, pelos extraordinários e devastadores efeitos orquestrais e pela imparável força telúrica e dramática de todos estes elementos.

Acrescente-se, ainda, a contribuição dos Ballets Russos de Diaghilev, de Nijinski, Picasso, Bakst, Fokine e outros talentos extraordinários para a sua importância fulcral numa época de oiro, visionária e profundamente revolucionária.

 

 

A escolha da leitura de Pierre Boulez, deve-se ao seu apurado sentido auditivo que lhe permite destacar imensos pormenores que muito raramente foram ouvidos anteriormente. Não se devendo menosprezar, igualmente, o facto de ser um intransigente modernista e esplêndido divulgador da arte musical do século XX.

 

 

 

Le sacre du printemps, parte 1 e 2

 

publicado por adignidadedadiferenca às 21:44 link do post
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