a dignidade da diferença
29 de Março de 2010

 

Eis o que só podemos classificar como uma óptima notícia: o regresso, finalmente, em CD e numa versão aumentada, do clássico da bossa-nova Chega de Saudade, assinado por um dos seus ilustres fundadores (o fundador?): João Gilberto.

Voltamos, assim, a ter disponível à nossa mão o canto minimalista e a inigualável batida de violão que marcaram definitivamente o estilo da bossa nova. João Gilberto, num gesto supremo, inventou para a eternidade uma colecção de clássicos absolutos assente na paixão por Chet Baker, na sua frágil transparência vocal e no permanente receio em quebrar o silêncio.

O músico brasileiro deixou-nos, deste modo, um magnífico exercício estético, suavemente acompanhado por belíssimos arranjos orquestrais que conjugam na perfeição um novo verbo musical, paradigma de uma requintada revolução.

 

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 00:17 link do post
06 de Agosto de 2009

 

 

O jornal Público iniciou há cerca de quatro semanas mais uma nova colecção sobre música, vendida com a edição de sábado – mas que pode ser adquirida separadamente por  apenas € 6,90 -, dedicada à bossa nova.

O conjunto de 12 volumes dedicados a esse magnífico movimento estético com raízes brasileiras e uma visão musical que atravessa – e de que maneira! – as suas fronteiras, tem uma apresentação bastante cuidada do género livro + CD (com a nostálgica mas agradável imitição do vinil), que, aliás, tem sido o (bom) hábito da casa.

Se a colecção deve ser, naturalmente, aconselhada pela prova de «bom gosto» demonstrada e pela qualidade global das gravações – eu próprio não dispensarei a aquisição dos números dedicados aos meus autores preferidos -, merece, contudo, um bem significativo reparo.

Sim, é verdade que estão lá os grandes nomes do movimento: Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra, Nara Leão, Marcos Valle ou Baden Powell; mas alguém me consegue explicar como é que se foram esquecer do genial João Gilberto, fundador e criador essencial da gramática que deu o sentido à bossa nova?

 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:39 link do post
19 de Agosto de 2008

 

Pode-se preferir a fase das obras-primas da Capitol (ou da chamada «dor de corno» após a separação de Ava Gardner) - como é o meu caso. Acredito também que haja quem se apaixone mais facilmente por outra obra-prima da bossa nova «Getz/Gilberto» - como volta a acontecer comigo. Mas um dos discos mais extraordinários do século XX é, indiscutivelmente, a gravação da reunião de Frank Sinatra com Jobim em 1967, sob o testemunho, arranjos orquestrais e direcção musical do alemão Claus Ogerman. A síntese perfeita - impossível de imaginar - do diálogo entre o minimalismo de Jobim e a «golden voice» de Sinatra, soberbamente manipulado por Ogerman, que conseguiu transformar aquele confronto num imenso sonho musical.

 

Pois bem, o disco acaba de sair no Público de hoje, na colecção que o jornal diário dedica ao cantor americano. Um deleite para os ouvidos e uma autêntica fantasia para os sentidos.

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 20:50 link do post
07 de Julho de 2008

 

Se, para mim, o tropicalismo foi a mais importante revolução musical nascida no Brasil e a que, ainda hoje, mais influência exerce sobre a musica popular contemporânea do resto do planeta, é inegável que naquele país sul-americano, outra (e anterior) revolução musical existiu. Foi (quem ousa contestar?) a primeira vez que a música brasileira atingiu a modernidade - um novo som (ou batida) tirado do violão de braço dado com o jazz e uma voz minimalista que relata as cenas do quotidiano (de que é exemplo paradigmático o «fotografei você com a minha Roleflex» de «Girl from Ipanema» -, graças, sobretudo, ao contributo e ao génio musical de João Gilberto e de Tom Jobim, às letras de Vinicius de Moraes e, em menor escala, ao talento de Nara Leão, de Marcos Valle e de Carlos Lyra, com o testemunho essencial de Astrud Gilberto, de Stan Getz e, um pouco mais tarde, de Frank Sinatra. Agora que a bossa nova fez 50 anos, deixo aqui a minha sincera homenagem ao movimento com excertos da gravação (que, segundo reza a história, passou por momentos de verdadeira tensão) do meu álbum preferido daquele período ímpar: Getz/Gilberto de 1963, com a participação, além do saxofone de Stan Getz e do violão e voz de João Gilberto - os dois que deram o nome ao disco -, da voz de Astrud Gilberto e do piano de Tom Jobim. No século XX, não se fizeram muitos discos assim.

 

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