David Bowie e Leonard Cohen ofereceram-nos duas magníficas despedidas. Blackstar é o melhor trabalho de Bowie desde 1.Outside (1995) e Cohen não gravava nada tão bom desde o sublime Songs of Love and Hate (1971). Mas a terceira idade não ficou por aqui: também Paul Simon deixou a sua marca este ano com o extraordinário e ousado Stranger to Stranger e Iggy Pop com o inesperadamente óptimo Post Pop Depression. Se adiantarmos que PJ Harvey (autora do fabuloso The Hope Six Demolition Project) e os Tindersticks (que exploraram novos caminhos, ampliando a sua paleta sonora em The Waiting Room) já andam nestas andanças há três décadas, será caso para afirmar que em 2017 impôs-se a veterania. Numa lista tão curta ficou de fora algo injustamente o regresso de Shirley Collins, após um longuíssimo interregno, bem como as óptimas gravações de Charlie Hilton, Christy Moore, Fred Hersch e Gisela João, o prodígio de improvisação do último álbum do saxofonista Henry Threadgill, a voz extraordinária de Anna Netrebko (oiçam-na em Verismo), La Mascarade, de Rolf Lislevand, e ainda as clássicas interpretações de Harnoncourt (quarta e quinta sinfonias de Beethoven) e Daniil Trifonov.
PJ Harvey, "The Hope Six Demolition Project"
Michael Formanek/Ensemble Kolossus, "The Distance"
BADBADNOTGOOD IV
Ensemble Céladon/Paulin Bündgen, "The Love Songs of Jehan de Lescurel"
Paul Simon, "Stranger to Stranger"
William S. Burroughs, "Let Me Hang You"
Alisa Weilerstein/Pablo Heras-Casado, "Shostakovich: Cello Concertos 1, 2"
Anna Meredith, "Varmints"
Tindersticks, "The Waiting Room"
Sampladélicos, "Não Nos Dexeis Cair em Tradição"
Mark Dresser Seven, "Sedimental You"
Lucia Cadotsch, "Speak Low"