Luís F. Rodrigues, especialista em urbanismo, expõe, numa linguagem assaz clara e precisa - escapando sabiamente ao perigoso enfado técnico que o tema poderia transportar -, as principais causas de desorganização, descaracterização, degradação e desqualificação das nossas cidades. Como bem nota o autor «não é necessário percorrer Portugal de norte a sul para perceber que algo de errado se passou (e ainda passa) na forma como construímos as nossas cidades: edifícios que descaracterizam a paisagem, congestionamentos viários e dificuldades de circulação, ausência de espaços verdes e de lazer, etc., são alguns dos muitos problemas detectados pelos cidadãos». Manual de Crimes Urbanísticos é um livro essencial para se compreender como foi possível chegarmos a esta situação quase insustentável, para a qual contribuiu a constante violação das regras básicas de planeamento urbano, os negócios imobiliários, o avanço arrepiante dos centros comerciais, o despesismo irracional e os interesses privados. Uma obra notável que se traduz num magnífico exercício de cidadania, na medida em que não se limita a diagnosticar a doença, como também propõe a panaceia. E não termina sem fazer um chamamento à nossa responsabilidade para mudar o actual estado de coisas. Para que o cada vez maior número de portugueses que reside em cidades deixe de ser vítima da ganância e do abuso de alguns.