a dignidade da diferença
12 de Junho de 2011

 

 

Luís F. Rodrigues, especialista em urbanismo, expõe, numa linguagem assaz clara e precisa - escapando sabiamente ao perigoso enfado técnico que o tema poderia transportar -, as principais causas de desorganização, descaracterização, degradação e desqualificação das nossas cidades. Como bem nota o autor «não é necessário percorrer Portugal de norte a sul para perceber que algo de errado se passou (e ainda passa) na forma como construímos as nossas cidades: edifícios que descaracterizam a paisagem, congestionamentos viários e dificuldades de circulação, ausência de espaços verdes e de lazer, etc., são alguns dos muitos problemas detectados pelos cidadãos». Manual de Crimes Urbanísticos é um livro essencial para se compreender como foi possível chegarmos a esta situação quase insustentável, para a qual contribuiu a constante violação das regras básicas de planeamento urbano, os negócios imobiliários, o avanço arrepiante dos centros comerciais, o despesismo irracional e os interesses privados. Uma obra notável que se traduz num magnífico exercício de cidadania, na medida em que não se limita a diagnosticar a doença, como também propõe a panaceia. E não termina sem fazer um chamamento à nossa responsabilidade para mudar o actual estado de coisas. Para que o cada vez maior número de portugueses que reside em cidades deixe de ser vítima da ganância e do abuso de alguns.

04 de Maio de 2008

 

 

 

 

A edição de que vou falar já pertence ao mês de Março, mas foi aí que tive o primeiro contacto com a revista «Arquitectura e vida», onde um magnífico artigo (ou texto crítico, como lhe chama o autor Alexandre Marques Pereira) sobre o Condomínio da Vinha, situado no Bairro Alto, reflecte sobre a ligação  que se vai perdendo entre a Arquitectura e a cidade, lamentando o autor «as mais recentes práticas da arquitectura, reduzindo-a a um mero conceito de objecto, seguindo apenas uma lógica contaminada pelo design e certas práticas do mundo das artes plásticas».

Uma revista feita não só para quem faz da arquitectura a sua profissão, mas francamente apelativa a meros curiosos ou a pessoas razoavelmente interessadas registando, nesse número, outros textos que nos ajudam a compreender melhor a articulação da forma arquitectónica com o meio e nos mostram como podem existir bonitas «casas-lofts» concebidas com sobriedade e cheias de vazios. Mais para diante, ainda há espaço para nos explicarem como as variações atmosféricas, provocadas pelo (ab)uso de combustíveis fósseis, contribuíram imenso para a degradação das superfícies arquitectónicas, terminando este número com um excelente trabalho sobre a caracterização das pontes antigas.

E aproveito a embalagem, dada pelo texto publicado pelo arquitecto Alexandre Marques Pereira, para aconselhar o clássico livro de Aldo Rossi «A arquitectura da cidade», publicado pelas Edições Cosmos que, como é destacado no artigo da revista, aborda, num conjunto riquíssimo de idéias sobre o papel fundamental das cidades,  questões essenciais como sejam a relação entre Tipo, Modelo e Arquitectura como Facto Urbano.

 

 

 

E como o mundo continua a avançar, aconselho, igualmente, a leitura do livro «Viver a arquitectura» do professor Steen Eiler Rasmussen, que escreve sobre os edifícios que todos habitamos e adaptamos à nossa forma de viver, ou seja, dá-nos a sua visão funcional da arquitectura e, não esquecendo muitos outros pensamentos, reflecte sobre o como perceber as coisas que nos rodeiam. A ler, positivamente, até porque a linguagem utilizada não se destina apenas a profissionais.

 

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