a dignidade da diferença
17 de Novembro de 2012

 

 

The Velvet Underground & Nico, o hiperclássico da banda originalmente formada por Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Maureen Tucker, celebra 45 anos de existência e terá sido provavelmente o primeiro disco de rock de vanguarda.  Vendeu pouco, mas na opinião de Brian Eno «quase todos os que o compraram formaram de seguida uma banda». Com o patrocínio de Andy Warhol, os velvets reuniram no seu corpo musical a crueza e secura das palavras de Reed, a experimentação, o negrume e o espírito vanguardista de Cale, o rigor rítmico de Morrison e a energia e tensão de Moe Tucker. Com a cumplicidade ocasional da voz gélida de Nico, o álbum de estreia ampliou todas estas qualidades convertendo-as numa massa sonora simultaneamente lírica e primitiva, quase sempre dissonante, angustiante e duma violência extrema, sem contudo rejeitar uma aproximação a delicadas e sedutoras melodias pop (embora com uma dose de veneno nada desprezível). Deliberadamente contra corrente, opositora natural do hippismo e flower power da época, a música dos Velvet Underground era prodigiosamente densa e rugosa, tensa e dramática, crescia avassaladoramente entre acelerações e desacelerações constantes, qual comboio elétrico imparável, e mostrava pela primeira vez uma visão crua da realidade, percorrendo com lentes desfocadas um quadro negro, esquizofrénico e dilacerado, onde cabia a androgenia, o sadomasoquismo, o mundo da droga, a violência das ruas ou a angústia de quem vive num mundo com poucas escolhas possíveis. Com Femme Fatale, Venus in Furs, All Tomorrow's Parties, Heroin, I'll Be Your Mirror ou Black Angel's Death Song, foi aqui que o rock alternativo verdadeiramente criou a sua matriz fundadora.

 

04 de Março de 2012

 

 

Lou Reed fundou em meados dos anos sessenta do século passado, com John Cale, a mítica banda de rock alternativo The Velvet Underground, cuja matriz musical – assente numa estrutura sonora simultaneamente lírica e primitiva, insistentemente negra, crua, suja, rugosa e densa, propositadamente contra corrente, que se alimentava de inesperados sobressaltos melódicos, experimentalismo e eletricidade pura, diálogos instrumentais em queda livre, acelerações e desacelerações rítmicas – influenciou sucessivas gerações de músicos que nunca esconderam o seu legado musical. Terminada a magnífica experiência velvetiana, Reed iniciou uma irregular mas significativa carreira a solo, contribuindo para o seu cânone musical o glam rock de Transformer (1972), que guarda no seu seio o hiperclássico Walk on the Wild Side; o depressivo Berlin (1973), que um excessivo protagonismo orquestral não conseguiu, ainda assim, apagar a explosão interior de raiva e ódio, nem a sublime depuração sonora da grande maioria das canções; o canto falado, os textos magníficos e a eletricidade brutal do notável New York (1989), essencial retrato, cru e pessimista, dos anos da administração Reagan; Songs for Drella (1990), o assombroso requiem sonoro em memória de Andy Warhol elaborado a meias com John Cale, o irmão desavindo; Magic and Loss (1992), glacial e comovente partilha da dor e genial demonstração de maturidade estética na suprema atenção que é dada ao mínimo detalhe sonoro; e, por último, a verdadeira obra-prima que é The Raven (2003), baseado na obra de Edgar Allan Poe, resumo essencial da visão estética tão rudimentar quanto erudita de um dos mais notáveis e elementares escritores de canções de que há memória.

 

12 de Setembro de 2009

 

A propósito de uma óptima escolha do Victor Afonso que é também um dos discos que mudaram a minha vida.

 

Open House

 

Style it Takes

 

Trouble With Classicists

 

Nobody But You

 

Hello It's Me

 

 

publicado por adignidadedadiferenca às 01:01 link do post
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