Wozzeck (1951), Alban Berg/Dimitri Mitropoulos
Wozzeck, do compositor Alban Berg, é uma ópera em três atos, cada um dividido em cinco cenas, na qual o seu autor procurou uma forma concisa de comunicação entre a música e o drama, dando ênfase a uma ideia de ópera que, como o próprio diria, «transcende, e muito, o destino individual de Wozzeck». Mas se Berg não queria que o público reparasse, durante a representação, na estrutura musical da peça, «as várias fugas e invenções, suítes e movimentos de sonata, variações e passacaglias (forma musical com origem em danças de ritmo ternário, que se constrói a partir de um baixo ostinato)», é difícil, porém, esquecer a complexa e audaciosa matriz musical da obra. Se por um lado, Wozzeck talvez não seja uma representação imaculada do homem comum, por outro, é evidente a força e o potencial da sua linguagem estética, a subtileza das sugestões musicais, a intensidade, o cromatismo e a profundidade dramática, ou a invenção artística e orquestral. Com o contributo de um conjunto de cantores excecional, Dimitri Mitropoulos, com um rigor e uma atenção ao detalhe assinaláveis e a utilização adequada de uma gama inesgotável de recursos estilísticos e expressivos, amplia o efeito avassalador de uma música prodigiosa, simultaneamente dissonante, lírica e atonal. Uma gravação histórica que se tornou um verdadeiro clássico do género.