Calma! (Cool it) - Bjorn Lomborg
Bjorn Lomborg é professor na Copenhagen Business School e publicou vários artigos em diversos orgãos da comunicação social prestigiados: The New York Times, The Wall Street Journal e The Economist, entre outros.
Acaba de sair no nossos país, em edição de «A Estrela Polar» o seu último e provocador livro intitulado «Cool it», Calma!. Se a razão principal para justificar tanta publicidade está directamente ligada ao desafio que faz a muitos dos alarmismos que Al Gore levanta sobre o aquecimento global, julgo que o livro merece uma leitura atenta e uma reflexão muito mais profunda. Porque, num momento tão importante das nossas vidas em que está em jogo uma série de atitudes e de resoluções que podem causar danos irreparáveis ao futuro da humanidade, é essencial conhecer as mais diversificadas opiniões sobre o que deve ser prioritário para a resolução dos problemas que se colocam à actual política ambiental e como fazê-lo.
Se o autor nos vem dizer que o caminho passa por adoptar a necessária dose de realismo e senso comum, não vejo motivo para passar ao lado deste livro e fugir ao debate.
Deixo-vos com o prefácio assinado pelo próprio autor.
«Nos últimos tempos o aquecimento global tem sido retratado como sendo a maior crise da história da civilização. À data em que escrevo este livro, as reportagens sobre este tema ocupam as primeiras págimas da Time e da Newsweek e são exibidas com destaque num número incontável de meios de comunicação social por todo o mundo. Perante este nível de desespero absoluto, talvez seja surpreendente – e muita gente considerará inapropriado – escrever um livro que é basicamente optimista relativamente ao futuro da humanidade.
É indiscutível que nos últimos séculos, a humanidade provocou um aumento substancial dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera, contribuindo assim para o aquecimento global. O que é, porém, discutível é se a histeria e os gastos precipitados em programas extravagantes de redução de CO2, por um preço sem precedentes, é a única reacção possível. Este rumo é especialmente questionável num mundo onde biliões de pessoas vivem na pobreza, onde milhões morrem de doenças curáveis e onde estas vidas podiam ser salvas, as sociedades podiam ser fortalecidas e os ambientes melhorados por uma fracção deste custo.
O aquecimento global é um tema complexo. Ninguém – nem Al Gore, nem os melhores cientistas do mundo e, sobretudo, nem eu próprio – pode alegar ter todo o conhecimento e todas as soluções. Mas temos de agir com base na melhor informação que está disponível tanto nas ciências naturais como nas ciências sociais. O título deste livro tem dois significados: o primeiro, e mais óbvio, é que temos de direccionar a nossa atenção e os nossos recursos para a forma mais eficaz de enfrentar o aquecimento global a longo prazo. Já o segundo refere-se à actual natureza do debate. Actualmente, qualquer pessoa que não apoie as soluções mais radicais contra o aquecimento global é considerada um proscrito, é chamada de irresponsável e é vista como sendo, possivelmente, um fantoche corrupto do lóbi do petróleo. O meu argumento é que esta não é a melhor forma de enquadrar um debate sobre um assunto tão crucial. Acredito que as intenções da maior parte dos participantes neste debate são boas e honestas – queremos todos trabalhar para um mundo melhor. Mas, para fazer isso, precisamos de controlar a retórica, permitindo uma discussão moderada acerca das melhores formas de avançar. Sermos inteligentes relativamente ao nosso futuro foi o que nos levou a ser bem sucessidos no passado. Não devíamos abandonar a nossa inteligência agora.
Se nos conseguirmos acalmar, é provável que deixemos o século XXI com sociedades muito mais fortes, sem níveis extremos de morte, de sofrimento e de perda e com nações muito mais ricas, com oportunidades inimagináveis, num ambiente mais limpo e saudável.»