A Igreja Católica tem sido muito justamente acusada de não acompanhar a evolução da sociedade e as mudanças do seu modelo familiar. No seu discurso oficial sobre a homossexualidade, por exemplo, a instituição religiosa dá sinais preocupantes de incompreensão e condenação moral. A propósito de uma reportagem do semanário Expresso desta semana sobre o primeiro congresso mundial de homossexuais católicos em Portimão, percebe-se que hoje em dia, felizmente, existe uma minoria católica que vem contestando esta visão reaccionária da sociedade. Um dos exemplos mais notáveis é o de Frei Bento Domingues. O frade dominicano nem sempre está de acordo com o discurso oficial da Igreja, afastando-se amiúde das suas incoerências e imposições absurdas. Como agora, ao alertar para a necessidade de renovação do pensamento sobre esta matéria. A sua voz é a de alguém que pensa pela sua cabeça, própria de um espírito livre, incómodo e aberto à mudança. Escutem o que ele disse na referida reportagem: «Como é que se vai exigir a pessoas que não escolheram ser homossexuais e que têm impulsos, desejos e afectos que não o sejam? O importante é que as pessoas sejam “eticamente honestas” nas suas relações. Nem aos homossexuais vale tudo, nem aos heterossexuais vale tudo. O casamento entre homossexuais é um problema que tem de ser debatido na Igreja, não por ser pecado ou não mas porque havia um modelo de família e agora aparece outro (…) que nunca foi estudo nem reflectido. É um bom momento para ter essa discussão.» Uma lufada de ar fresco no discurso maioritariamente bafiento da Igreja Católica.