Em 2011, no aclamado «Pensar, Depressa e Devagar», o psicólogo Daniel Kahneman descrevia a vida mental através da metáfora de dois agentes, chamados Sistema 1 e Sistema 2, que produzem respetivamente o pensar depressa e o pensar devagar, referindo-se às características do pensamento intuitivo e do deliberado como se fossem traços e disposições de duas personagens na nossa mente, afirmando que da investigação recente se chega à imagem de um intuitivo Sistema 1 mais influente do que aquilo que a nossa experiência nos diz, autor oculto de muitas escolhas e juízos que construímos. A maior parte desse livro examinava o funcionamento do Sistema 1 e as mútuas influências entre os dois sistemas. Em co-autoria com outros dois académicos, Olivier Sibony e Cass R. Sunstein, Kahneman regressa com «Ruído», cujo tópico é o erro humano, em que o enviesamento (desvio sistemático) e o ruído (dispersão aleatória) são componentes diferentes do erro. Nesta obra os autores explicam o que pode correr mal no juízo humano, no domínio das diferentes decisões que as pessoas tomam em nome de organizações, concluindo que muitas organizações são «afectadas por juízos enviesados e ruidosos». Dividido em seis partes, o livro observa a diferença entre ruído e enviesamento, pesquisa a natureza do juízo humano e explora a forma de determinar as margens de erro e precisão, afirma a vantagem de regras, fórmulas e algoritmos para fazer previsões, explica as causas determinantes do ruído, questiona como podemos melhorar os juízos, observa o que nos pode beneficiar e prejudicar no momento de tomar decisões e trata, por fim, da questão quanto ao nível adequado de ruído, preocupando-se em auxiliar os leitores a ultrapassar o ruído e o enviesamento tendo como finalidade melhorar a qualidade das suas decisões cujo impacto (e custo) supera o que estes imaginam.