Notícia de hoje do jornal i: «Dívida portuguesa continua a distanciar-se da média da Europa. Em 2013, a dívida pública portuguesa correspondia a 127% do PIB. Em 2014, a dívida atinge os 132% do PIB». Chegou porventura a altura de reconhecer o fracasso desta política de austeridade. Por mais radiografias e electrocardiogramas que façam, os nossos governantes não conseguem encontrar uma solução nem um ponto de equilíbrio que permita ao Estado ser menos gastador e, simultaneamente, o crescimento económico. Infelizmente, como vimos pelos exemplos passados, a dívida pública tem crescido sempre, haja ou não austeridade. Não obstante se tratar de um inquestionável lugar-comum, não será cada vez mais urgente renegociar/reestruturar responsavelmente a dívida pública com os credores? Mas isto apenas para começar. Porque depois falta resolver alguns dos problemas mais inquietantes que atingem a sociedade contemporânea. Como aumentar, por exemplo, o emprego num sector laboral que, por força da evolução tecnológica, prescinde sucessivamente de um número crescente de trabalhadores? Ou como tornar a economia competitiva, sem empobrecer os cidadãos, quando esta tem de concorrer num mundo globalizado no qual a mão-de-obra maioritária é contratada em condições muito próximas do limiar da escravidão? Já sem falar noutras questões, sobretudo as culturais e educacionais. Os seus resultados serão menos imediatos, mas continuam a ter uma importância vital para lutar contra o subdesenvolvimento num futuro mais longínquo. É que o abismo é já ali…