Não contesto que o Estado Social é, na sua essência, uma coisa bonita. Um imperativo categórico, sem dúvida. Mas a verdade é que o dinheiro não dá para tudo e, se a orientação se mantiver, só nos resta bater no fundo. Como muito bem refere Henrique Monteiro, director do semanário Expresso, no seu editorial de sábado:
«As medidas de austeridade anunciadas são melhor do que nada. Mas por que razão todas elas colocam o esforço do lado dos cidadãos sem beliscar a estrutura das “benesses” e a dimensão do Estado? (…) Infelizmente a dimensão do Estado foi deixada em paz. Acaso vimos cortes na caterva de institutos públicos que mais não fazem do que duplicar serviços do Estado? Nos governos civis que ninguém sabe para que servem? Nos inúmeros municípios e autarquias que, por questões de dimensão, já não têm razões de existir? No número infindável de assessores? No recurso a gabinetes de advogados? Nada disso se viu, porque à sombra destes organismos vivem inúmeros boys cuja maior utilidade é rodarem ao sabor dos poderes sucessivos, de que são o mais fiel suporte.»
É aqui que reside o principal problema. E estes gastos não vão diminuir com a ascensão do PSD ao poder. Por uma razão muito simples: quando o PSD governou, a praga dos boys continuou. Como de costume, diz-se uma coisa e faz-se outra. Nesta matéria, sejam PS ou PSD, os nossos governantes sempre foram autistas.