Eis finalmente disponível, em edição portuguesa, o genial Johnny Guitar (1954) de Nicholas Ray. O filme de todos os excessos e de todas as paixões, que fala como poucos sobre o desespero e a solidão, é, também, um grande filme político. A liberdade, o direito à propriedade privada, as posições de domínio e a nossa acentuada tendência para o autoritarismo e o egoísmo são, indiscutivelmente, temas centrais desta obra magnífica.
Cores carregadas, diálogos aparentemente banais – mas quem os ouviu não esquece –, o par Guitar/Vienna e interpretações (quase sempre) inesquecíveis, são os alicerces deste extraordinário filme barroco e crepuscular, filme de recordações e de hiatos de tempo, de elipses, de ódios exacerbados e de recalcamentos, e, sobretudo, filme de (e sobre o) silêncio.
Um clássico a não perder, obviamente.