O conde Lev Tolstoi narra, nesta pequena e muito bela obra – escrita entre 1852 e 1862 -, as vivências de Olénin, um jovem desencantado, que se junta ao exército no Cáucaso, em busca de uma nova vida afastado de Moscovo e dos seus antigos amigo, sentindo-se atraído pela beleza da natureza e da sua paisagem e pela sua nova paixão: Mariana.
Cossacos é uma pequena obra-prima que Tolstoi terminou aos 33 anos, a qual antecedeu os sublimes e imortais Anna Karénina e Guerra e Paz ou esse extraordinário Hadji-Murat, novela que se manteve inédita até à morte do genial romancista russo.
Cossacos é mais uma notável prosa de ficção de Tolstoi, para a qual o escritor usa a sua original, universal e transcendente aptidão artística, arte essa que se traduz na forma harmoniosa como conjuga no mesmo verbo romantismo e realismo (mais uma vez, encontra-se neste texto a sua procura obsessiva da verdade), a perfeição formal da sua escrita acompanhando notavelmente o ritmo cardíaco do leitor e, sobretudo, a riqueza polifónica das suas personagens, assim como a deslumbrante estrutura musical que jorra da sua imaginação criativa.
Introspectivo e sensível, escultor e romancista, apaixonado e idealista, Tolstoi surpreende-nos sempre com a sua formidável poesia e inabalável crença na construção de prodigiosas, felizes ou devastadoras personagens. E fica a certeza de que já não se escrevem romances assim: prosa de uma beleza transparente, por vezes rude, mas sempre viva, acompanhada por uma construção colossal e em constante movimento.
Brevemente: O último artigo de Saldanha Sanches