Para quem pensava que o problema da Igreja era só a pedofilia, aqui vai mais uma acha para a fogueira, retirada do semanário Expresso, de cuja notícia deixo um breve, mas significativo, resumo.
«Dentro das malas [com o arquivo completo das finanças do Vaticano e, em especial, do Instituto das Obras Religiosas (IOR)] estava o arquivo pessoal de monsenhor Renato Dardozzi. A sua especialidade era evitar que assuntos financeiros degenerassem em escândalos. Sob o título Vaticano, S.A., Gianluigi Nuzzi reconstitui num livro parte do que aconteceu entre 1980 e 2000. A revelação mais importante é que foi constituído um IOR paralelo que chegou a movimentar € 270 milhões. A rede paralela terá sido criada por monsenhor Donato de Bonis, já falecido, prelado do Banco. Os documentos do arquivo incluem cartas do presidente do IOR, Angelo Caloia, dirigidas ao Papa ou ao secretário de Estado, alertando para as ilegalidades que ia descobrindo. Numa delas afirma que os títulos emitidos pelo IOR reflectem pagamentos ilegais a políticos, com montantes que depois lhe foram devolvidos limpos. A partir do arquivo e de outras fontes, Nuzzi reconstitui a existência, no IOR, de contas bancárias de Vito Ciancimino, o já falecido presidente da Câmara de Palermo, condenado pelas suas ligações à Cosa Nostra. As cartas do alarmado presidente do banco do Papa referem os nomes insólitos dos titulares das contas pelas quais passava dinheiro sujo: Mamã de Bonis, Luta contra a leucemia, Missas, Meninos pobres, Manicómios».
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