Cowboy Junkies: The Trinity Session (1988)
Existem bandas (muito) estimáveis cuja carreira fica definitivamente marcada por uma obra impossivelmente perfeita, a qual não deixa sucessão nem grande margem de manobra para o que vier a seguir. Os Cowboy Junkies são uma dessas bandas e The Trinity Session é o marco estético do seu (já) longo percurso musical que, pelo carácter definitivo da sua matriz musical, não admite comparações nem aproximações. The Trinity Session, assinado pelo grupo canadiano em 1988, é um álbum de inacreditável beleza, cujas coordenadas são balizadas pelo silêncio e onde pouco mais se aceita do que sublimares sussurros, ínfimos desenhos melódicos e um acompanhamento instrumental denso e minimalista que recusa a mínima ornamentação. Uma mão-cheia de originais e outra de versões definitivas - como é o caso de Sweet Jane, dos Velvet Underground -, entrelaçadas numa voz assombrosa, contribuíram para o estatuto de culto desta obra magnífica, onde não se admite mais do que pequenas vibrações sonoras como substituto natural do silêncio. Uma obra-prima absoluta que deixou muito pouca descendência e ficou como um anátema que, dadas as circunstâncias, impediu que a banda prosseguisse com uma carreira musical à altura da sua matriz.
Sweet Jane, Cowboy Junkies