Actualmente, em Portugal, o modelo que vigora é o do Estado Social, embora com características próprias do Estado português.
Enquanto, sob o ponto de vista económico, o Estado condiciona, asfixia até, as actividades privadas, sob o ponto de vista político, o cidadão viu reforçadas certas garantias que o protegem do arbítrio Estatal. Um bom exemplo do que se afirmou é a criação de normas que limitam a actuação do Estado ao defenderem direitos e interesses legítimos dos cidadãos contra eventuais comportamentos injustos da Administração Pública.
De forma sucinta, pode-se sublinhar que se passou de um Estado politicamente autoritário para um outro onde se integram muitas características do pensamento liberal, que é precisamente o inverso do que aconteceu em termos económicos. Se a tudo isto se juntar uma mentalidade tipicamente portuguesa - que consiste no facto de acharmos que, assim que nascemos, o Estado já nos deve alguma coisa, aliada ao facto de nos surpreendermos sempre com aquilo que já estamos à espera – não se augura nada de bom. O Estado, por querer intrometer-se em tudo, torna-se ineficaz e acaba por resolver muito pouco.
Não será este o paradigma dos receios manifestados, em 1840, por Alexis de Tocqueville, na sua obra Da Democracia na América?
Não é verdade que, com o excessivo protagonismo do Estado, se chegou a um ponto em que o poder soberano, como disse Tocqueville, «estende os seus braços por cima da sociedade inteira; cobre a sua superfície de uma rede de pequenas regras complicadas, minuciosas e uniformes, através das quais os espíritos mais originais e as almas mais vigorosas não podem despontar sobressaindo da massa; não quebra as vontades, mas amolece-as, verga-as e dirige-as; raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede de nascer, não tiraniza, tolhe, comprime, debilita, extingue, atordoa, e reduz enfim cada nação a não ser mais do que um rebanho de animais tímidos e industriosos, cujo pastor é o governo»?